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Fernanda D'Umbra deixa grupo por projetos paralelos
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Há dez anos, ao se juntar à
companhia Cemitério de Automóveis, Fernanda D'Umbra,
36, "queria meter a mão em tudo". Em abril passado, ao se dar
conta de que mãos lhe faltavam
para conciliar projetos coletivos e aspirações individuais, renunciou à fidelidade ao grupo
-no qual acumulava as funções
de atriz e diretora de produção.
"Começou como uma gincana de escola e acabou virando a
minha vida toda. Só tinha sossego em cena", desabafa, ao se
referir às tarefas de produção.
O "desquite" foi na pele de
Amsterdam, em "A Frente Fria
que a Chuva Traz", na mostra
de repertório do Cemitério.
"Foi um horror. Só eu sabia que
era a última vez. No fim, senti
um misto de dor e libertação."
D'Umbra diz que o volume de
trabalho nas duas frentes do
grupo era incompatível com os
projetos paralelos. "A companhia estava um pouco dependente de mim, e eu, enlouquecendo como criadora, querendo dirigir. Quando comecei a
sair, fiz falta no Cemitério. Não
tinha como me dedicar 100%. O
grupo tem 25 anos. Eu estava lá
havia dez. Ele existe sem mim,
mas eu não existo sem mim."
A ruptura foi amigável. Tanto
que a lista de parcerias futuras
com o ator, dramaturgo e fundador do Cemitério, Mário
Bortolotto, só faz crescer. "Vou
dirigi-lo no monólogo "Guitar
Man", em setembro. Estou também no elenco de "Brutal", que
ele deve remontar. As coisas
não mudaram, melhoraram."
Quanto à década passada na
companhia, ela já sabe do que
não sentirá saudades. "Em alguns momentos, era como se tivesse um "personal dramatist"
em casa [ela foi casada com
Bortolotto]. Em grupo, você começa a achar que as pessoas
têm o compromisso de lhe dar
grandes papéis. Tira de você a
responsabilidade de construir
sua história, sua obra."
D'Umbra agora negocia os direitos de um monólogo sobre a
soldado americana Lynndie
England, clicada subjugando
presos de Abu Ghraib (Iraque).
Fora dos palcos, experimentou a TV com a série "Mothern"
(GNT) e o teleteatro "Billy, a
Garota" (Cultura). "Mente
quem diz que nunca pensou em
fazer TV. Ela me interessa como linguagem, na frente e atrás
das câmeras." Mas há algo mais
íntimo no flerte com o veículo.
"Tenho fetiche em me apresentar para quem não me conhece."
(LP E LN)
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