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Desafetos acusam Mainardi de escapar de processos no Brasil
Colunista diz que decidiu ir morar na Itália por questão familiar
RICARDO BALTHAZAR
DE SÃO PAULO
Diogo Mainardi, o polêmico colunista que nos últimos
anos fez barulho provocando
os petistas e criando desafetos no meio jornalístico, acaba de abrir um novo capítulo
na sua trajetória profissional.
Há três semanas, Mainardi
anunciou aos leitores de sua
coluna na revista "Veja" que
resolvera ir embora do Brasil
para viver com a família em
Veneza, na Itália. Comparou
sua situação à dos retirantes
de "Vidas Secas" e disse que
tinha "medo de ser preso".
Na falta de mais explicações, seus inimigos decidiram arranjar uma. Segundo
eles, Mainardi foi embora para fugir do acerto de contas
com a Justiça brasileira, onde
enfrenta vários processos por
calúnia, injúria e difamação.
"O Mainardi me deve dinheiro", escreveu o jornalista Paulo Henrique Amorim
em seu blog. "Há meses e meses meus advogados tentam
citá-lo em vão", reclamou
outro blogueiro, Luis Nassif.
Mainardi diz que é tudo
bobagem. Ele atribui a razões
familiares a mudança para a
Itália e afirma que os processos na Justiça não o assustam. "Vou e volto quando
bem entendo", escreveu, numa mensagem a seus seguidores no microblog Twitter.
Nem mesmo os advogados
do colunista têm uma noção
exata do número de processos que ele já enfrentou. Mas
é certo que o placar até agora
é bastante favorável a seu
cliente. Mainardi sofreu apenas duas condenações, nenhuma em caráter definitivo.
Há três anos, um juiz do
Rio mandou o colunista pagar ao ministro Franklin Martins, chefe da Secretaria de
Comunicação da Presidência
da República, uma indenização de R$ 30 mil por dano
moral. Mainardi recorreu
contra a sentença e ganhou.
CONDENAÇÃO
O caso mais delicado é o de
uma queixa-crime apresentada por Paulo Henrique
Amorim em São Paulo. Mainardi foi condenado em segunda instância e agora espera o julgamento de um recurso apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O colunista foi condenado
a três meses e 15 dias de prisão, mas o juiz que assinou a
sentença converteu a pena
para outra mais branda, pagamento de três salários mínimos. Não há risco de Mainardi ser preso, mesmo se a
sentença for confirmada.
Mas ele perderá a condição de réu primário se for
derrotado no STF e, no futuro, isso poderá complicar sua
defesa em outros processos.
A Justiça também mandou
o colunista pagar uma indenização de R$ 285 mil a Amorim, que ele acusou de receber dinheiro para defender o
PT em seu blog. A indenização foi depositada em juízo e
os advogados de Mainardi recorreram contra a sentença.
"MEDALHA NO PEITO"
"Cada um desses processos é uma medalha no meu
peito", disse o colunista à Folha, falando por telefone de
Veneza. "A ideia de que saí
do país para fugir da polícia
é uma coisa ridícula. Fiz só
uma brincadeira na coluna."
O ex-ministro Luiz Gushiken, o advogado Roberto
Teixeira, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o empresário Carlos Jereissati, do grupo La Fonte,
estão entre os que processaram Mainardi no passado e
nunca conseguiram nada.
O colunista morou em Veneza anteriormente por 14
anos e foi na Itália que conheceu sua mulher. Ela é
historiadora, quer voltar a
trabalhar e não encontrava
oportunidades no Rio, onde
o casal viveu com os dois filhos nos últimos oito anos.
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