São Paulo, quarta-feira, 19 de setembro de 2001

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DA RUA

Sétimo dia

FERNANDO BONASSI

Maria Luiza acordou de mau humor e não tomou banho. Colocou salto agulha, uma calça de malha justa e curta, além de uma blusa de puta, com braços, peitos, umbigo e piercings de fora. Na mesa, ficou mordiscando casquinhas de pão e batucando talheres, terminando por derrubar uma caneca de café com leite inteira por cima das pernas. Agora se comporta como se nada houvesse acontecido, querendo ir assim mesmo à missa de sétimo dia do pai. Os parentes fazem fila pra ponderar que aquele aspecto não combina com o luto de uma família. Estão bastante atrasados, mas Maria Luiza permanece irredutível. Afinal, argumenta, não é porque o velho morreu que sete dias limparam tudo entre eles.


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