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TV
Osvaldo Martins, que fará críticas à programação do canal, estréia amanhã no ar e lança site para telespectador na sexta
Cultura coloca ombudsman na roda-viva
DA REPORTAGEM LOCAL
Jornalista e braço direito do governador Mário Covas, Osvaldo
Martins, 64, dá início amanhã ao
desafio de ser o primeiro ombudsman da TV brasileira.
Ele foi convidado para o cargo
pelo presidente da Fundação Padre Anchieta, Marcos Mendonça,
também covista de carteirinha.
Para marcar o início das atividades do chamado "defensor do telespectador" da Cultura, o canal
fará amanhã, às 22h30, um "Roda
Viva" especial só com ombudsmans e ouvidores (leia abaixo).
A estréia na rede -majoritariamente mantida por recursos do
governo estadual- ocorre num
período de fervorosas discussões
sobre a tentativa do Planalto de
controlar a programação televisiva por meio de um termo de compromisso, da possível criação da
Ancinav (Agência Nacional do
Cinema e do Audiovisual) e do
Conselho Federal de Jornalismo.
Além de participar do "Roda
Viva", Martins lançará, na próxima sexta, um link no site da Cultura (www.tvcultura.com.br) no
qual receberá críticas e sugestões
de espectadores e fará comentários sobre a programação. Na TV,
entrará no ar uma campanha para
divulgar o endereço eletrônico do
ombudsman e convocar a audiência a enviar sua opinião.
O seu programa semanal está
em fase de formatação e deverá
estrear no final de outubro. Já está
definido que será gravado e terá a
participação do público.
Segundo Martins, existe ainda
um projeto de criar uma central
telefônica, com uma linha 0800
(ligação gratuita) e 14 atendentes.
O ombudsman acredita que receberá também reclamações da
programação de outros canais.
De acordo com Martins, a Cultura
já atende a telefonemas de pessoas que reclamam de novelas e
programas de auditórios. "Como
não há ombudsman nas outras
redes, é provável que o espectador
aproveite esse canal para falar sobre a TV brasileira em geral."
Ele pretende encaminhar as
queixas às devidas emissoras e
guardar as informações para análise do comportamento da audiência. "No site e na TV, não irei
falar dos outros canais, apenas da
Cultura. Mas esses protestos podem ser úteis para saber o que o
cidadão não quer ver na TV."
O primeiro ponto da programação a ser criticado, segundo Martins, é o jornalismo, tradicionalmente chamado na Cultura de
"público". "Na verdade, esse conceito é muito vago. O que é jornalismo público? Todo jornalismo é,
em tese, público, já que a informação é um bem social. É preciso definir exatamente o que é e o que
não é pauta para a TV Cultura."
Em sua análise, o conceito de
TV pública é mais claro, no sentido de ser independente do estado
e do mercado, mas ainda é preciso
discutir qual deve ser o conteúdo.
(LAURA MATTOS)
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