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MÚSICA
Pedro Luís e Lenine quebram jejum
Carioca e sua banda voltam à ativa com "Ponto Enredo", produzido pelo pernambucano, que também lança CD, "Labiata'
Para Lenine, "samba e macumba" permeiam o som de Pedro Luís e a Parede, que toca bateria em canções do sexto disco solo do colega
CAIO JOBIM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Houve momentos entre abril
e maio deste ano em que Lenine chegou a passar 20 horas por
dia em estúdio. Ele estava dividido entre a gravação de "Labiata" (Universal), seu sexto
trabalho solo, e a produção de
"Ponto Enredo" (independente), disco que marca a volta de
Pedro Luís e a Parede à ativa.
O grupo carioca vinha se dedicando a outros dois projetos:
um com Ney Matogrosso, e o
outro, as festas e desfiles do
Monobloco, o maior fenômeno
de público da revitalização do
Carnaval de rua do Rio.
Gravados praticamente ao
mesmo tempo, "Labiata" e
"Ponto Enredo" estão sendo
lançados agora.
"O meu trabalho está tão imbuído de prazer que eu acabo
me iludindo, achando que não
estou trabalhando, e passo horas e horas naquilo, pensando
que estou me divertindo. Era
de manhã com a Plap [Pedro
Luís e a Parede] e de tarde até a
noitinha fazendo o meu [disco]", lembra Lenine.
Pode parecer coincidência
essa confluência entre a obra
de Lenine e a da Plap, mas para
o pernambucano é uma questão de "sincronicidade". Em
1997, enquanto ele lançava "O
Dia em que Faremos Contato",
seu primeiro trabalho solo, Pedro Luís e a Parede estreavam
em disco com "Astronauta
Tupy". A mistura de música
pop com acento brasileiro em
canções como "Caio no Suingue", dos cariocas, e "Que Baque é Esse?", do pernambucano, conquistou o público.
De passagem pelo estúdio,
Lenine participou de "Chuva
de Bala" fazendo intervenções
de voz e percussão de boca.
Embora a colaboração não tenha sido creditada, Pedro Luís
lembra que ela não se limitou a
essa faixa. "Em "Tudo Vale a Pena", que está nesse primeiro
disco, Lenine tocou violão. Eu
comecei a me aproximar dele
nessa época. Desde lá, nos discos dele ou nos nossos, a gente
está junto", conta o músico.
"Correndo por fora"
No ano passado, quando a
Plap resolveu gravar um novo
disco, os músicos convidaram
Lenine para fazer a produção.
"É um cara que a gente conhece
e tem uma escola parecida com
a nossa. Também veio correndo por fora do mercado, fazendo o som dele do jeito que ele
acha que é", diz Pedro Luís.
Primeira (e única) música
composta por Pedro e Lenine,
"Quatro Horizontes" foi feita
para a trilha sonora do filme "O
Diabo a Quatro", de Alice Andrade, no qual aparece em duas
versões: uma em ritmo de maracatu e outra em andamento
de choro. Em "Ponto Enredo",
reaparece como samba.
A guitarra de Leo Saad, incorporado ao grupo para o disco e
para os shows, se faz presente
em todas as faixas. Para os integrantes da banda, isso não significa que "Ponto Enredo" seja
um disco mais pesado ou roqueiro. Assim como a predominância de sambas no repertório
não faz do compositor Pedro
Luís um sambista.
Lenine fez a produção como
se fosse "mais um integrante da
banda" e batizou o disco a partir do título de uma das canções. "Eu achava que "Ponto
Enredo" era a síntese, porque
faz referência às duas coisas
que permeiam o som da Plap:
samba e macumba", diz.
Urgência
O disco novo de Lenine foi
criado com um sentido de urgência. As 11 músicas foram
compostas em 15 dias, durante
o mês de março, em um processo totalmente diverso do ocorrido em trabalhos anteriores.
"Eu fazia uma música à noite,
no dia seguinte gravava uma
pequena base com ela no estúdio, voltava para casa e fazia
uma outra música", diz.
Na hora de revestir de arranjos as composições, Lenine optou por fazê-lo com os integrantes da banda que o acompanha há 15 anos. Somente músicos com quem mantém uma
relação próxima são como convidados. Entre eles, a bateria da
Parede em "A Mancha" e "É
Fogo". Esta, segundo Lenine, é
a união do som dele com o do
"Rio da rua, suburbano".
Para o compositor, "Labiata"
é um desdobramento de seus
dois últimos trabalhos: o sentido de banda que o "Acústico
MTV" (2006) fortaleceu entre
ele e os músicos que o acompanham somado à liberdade e ao
desprendimento em estúdio
que ele experimentou enquanto fazia a trilha sonora do espetáculo "Breu" (2007), balé do
Grupo Corpo. "É um disco todo
na primeira pessoa, e o foco é
na natureza. Mesmo as canções
em que o foco não é explícito falam sobre a natureza humana",
afirma Lenine.
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