São Paulo, sábado, 19 de setembro de 2009

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Dança de Carolyn Carlson chega a SP

Coreografia criada pela bailarina hippie americana para companhia Sociedade Masculina estreia hoje

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A americana Carolyn Carlson é o que se pode chamar de última hippie da dança. Aos 66, a coreógrafa e bailarina, que há 35 anos sacudiu os linóleos do Ballet da Ópera de Paris ao ministrar aulas de improvisação na mais tradicional companhia clássica francesa, continua pregando ideais de paz e amor, dentro e fora da cena.
Foi com este discurso, que parece ter saído dos anos 70, que Carlson recebeu a Folha na última quarta-feira, em meio ao ensaio de "Pescadores do Ar", obra inédita criada por ela para a paulistana Cia. Sociedade Masculina.
A coreógrafa passou duas semanas na cidade. Dançou um solo, "Double Vision", no Sesc Vila Mariana, mesmo palco onde a Sociedade estreia hoje seu primeiro trabalho para uma companhia brasileira.
"Eu faço poesia no palco, através dos movimentos. Não gosto do termo coreografia porque as palavras utilizadas em dança já são muito batidas.
Meu trabalho é uma poesia visual. Não conto histórias em cena, não gosto de explicar nada, gosto que as pessoas sintam o trabalho que tem vida própria", diz.
Carlson esteve no Brasil em 1987, no extinto Carlton Dance, com a coreografia "Blue Lady". Naquela época, já era uma artista reconhecida. Havia dançado com o americano Alwin Nikolais (1910-1993) no início da carreira, radicando-se depois na França, onde influenciou toda uma geração de coreógrafos contemporâneos.
Viveu na Itália, trabalhou como diretora de dança da Bienal de Veneza, dirigiu o Cullberg Ballet, na Suécia, e nos anos 90 voltou à França, onde comanda o Centro Coreográfico de Rubaix, no norte do país.
Ao ser convidada para coreografar para a Sociedade Masculina, companhia formada só por bailarinos homens, ela diz que pensou imediatamente na Amazônia, daí a vontade de falar sobre o ar. Em cena, os bailarinos brincam de soprar balões.
"Pensei na Amazônia, o pulmão do mundo, suas árvores. Ao criar junto com os bailarinos, pensamos na vida, no oxigênio. Ao mesmo tempo, por serem todos homens, há uma energia muito intensa, uma conexão com a terra", diz ela, sem negar o seu lado hippie. "Ainda acredito em amor e flores, mas nem por isso acho que não sofremos. Às vezes também me interessa penetrar em temas mais densos", completa.


CIA. SOCIEDADE MASCULINA

Quando: hoje, às 21h, e amanhã, às 18h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas, 141; tel. 0/xx/11/5080-3000)
Quanto: de R$ 4 a R$ 16
Classificação: 12 anos




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