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Dança de Carolyn Carlson chega a SP
Coreografia criada pela bailarina hippie americana para companhia Sociedade Masculina estreia hoje
ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A americana Carolyn Carlson é o que se pode chamar de
última hippie da dança. Aos 66,
a coreógrafa e bailarina, que há
35 anos sacudiu os linóleos do
Ballet da Ópera de Paris ao ministrar aulas de improvisação
na mais tradicional companhia
clássica francesa, continua pregando ideais de paz e amor,
dentro e fora da cena.
Foi com este discurso, que
parece ter saído dos anos 70,
que Carlson recebeu a Folha
na última quarta-feira, em
meio ao ensaio de "Pescadores
do Ar", obra inédita criada por
ela para a paulistana Cia. Sociedade Masculina.
A coreógrafa passou duas semanas na cidade. Dançou um
solo, "Double Vision", no Sesc
Vila Mariana, mesmo palco onde a Sociedade estreia hoje seu
primeiro trabalho para uma
companhia brasileira.
"Eu faço poesia no palco,
através dos movimentos. Não
gosto do termo coreografia
porque as palavras utilizadas
em dança já são muito batidas.
Meu trabalho é uma poesia visual. Não conto histórias em
cena, não gosto de explicar nada, gosto que as pessoas sintam
o trabalho que tem vida própria", diz.
Carlson esteve no Brasil em
1987, no extinto Carlton Dance, com a coreografia "Blue
Lady". Naquela época, já era
uma artista reconhecida. Havia
dançado com o americano Alwin Nikolais (1910-1993) no
início da carreira, radicando-se
depois na França, onde influenciou toda uma geração de
coreógrafos contemporâneos.
Viveu na Itália, trabalhou
como diretora de dança da Bienal de Veneza, dirigiu o Cullberg Ballet, na Suécia, e nos
anos 90 voltou à França, onde
comanda o Centro Coreográfico de Rubaix, no norte do país.
Ao ser convidada para coreografar para a Sociedade
Masculina, companhia formada só por bailarinos homens,
ela diz que pensou imediatamente na Amazônia, daí a vontade de falar sobre o ar. Em cena, os bailarinos brincam de
soprar balões.
"Pensei na Amazônia, o pulmão do mundo, suas árvores.
Ao criar junto com os bailarinos, pensamos na vida, no oxigênio. Ao mesmo tempo, por
serem todos homens, há uma
energia muito intensa, uma conexão com a terra", diz ela, sem
negar o seu lado hippie. "Ainda
acredito em amor e flores, mas
nem por isso acho que não sofremos. Às vezes também me
interessa penetrar em temas
mais densos", completa.
CIA. SOCIEDADE MASCULINA
Quando: hoje, às 21h, e amanhã, às
18h
Onde: Sesc Vila Mariana (r. Pelotas,
141; tel. 0/xx/11/5080-3000)
Quanto: de R$ 4 a R$ 16
Classificação: 12 anos
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