|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
"Nunca vou conseguir matar a Gretchen"
Depois da derrota nas eleições de 2008, a cantora retoma o rebolado
Agenda atual chega a uma apresentação por dia; repertório varia entre forró, tecnobrega e hits dos anos 80
DE SÃO PAULO
Em momento crucial de
"Gretchen Filme Estrada",
pouco antes de saber o resultado das urnas, a protagonista confessa que, entre outras
coisas, decidiu se candidatar
à prefeitura de Itamaracá
porque estava cansada.
Não aguentava mais cantar, pelo menos uma vez por
dia (e por três décadas a fio),
as mesmas três músicas.
Dizia assim, em terceira
pessoa: "Vivi a vida dela [de
Gretchen] até agora. Chegou
a hora de viver a minha [de
Maria Odete]".
Acontece que, instantes
depois dessa declaração, Maria Odete descobriu que não
seria a prefeita da Ilha. E,
agora sabemos, Gretchen
nunca pôde se aposentar.
"Entendi que, mesmo que
eu queira, nunca vou conseguir matar a Gretchen", diz à
Folha, por telefone, de Candeias, praia ao Sul de Recife
para onde se mudou depois
das eleições de 2008.
"Ela é um ícone de independência, autoestima e liberdade feminina. Como a
Leila Diniz."
Foi em 1976 que batizou a
personagem que conduziria
sua vida dali para sempre.
Passava de ônibus pela
praça da República, em São
Paulo, quando viu o cartaz
na porta do cinema: "Aleluia, Gretchen".
O filme de Sylvio Back
contava a história de uma família que, na década de
1930, fugiu da Alemanha nazista e veio morar no Brasil.
Maria Odete, porém, nem
ficou sabendo disso. Gostou
do nome simplesmente porque era "complicado".
E, sob o escudo da Gretchen, gravou 16 álbuns. Ficou famosa na televisão,
cantou em circo, boates, palanques. Posou nua. Começou faculdade de letras. Fez
um filme pornô. Tornou-se
evangélica.
A conversão, diz, impôs os
limites da Maria Odete -não
os da Gretchen. "Trabalho é
trabalho."
O filme pornô é o único assunto de que ela não fala, a
única coisa de que diz se arrepender nessas três décadas. Atualmente, a agenda
publicada no site da cantora-dançarina ostenta quase um
show por dia, provando que
o rebolado continua.
Como não conseguiu se
inventar prefeita, Maria Odete optou por ampliar as possibilidades de atuação no lugar que conheceu melhor
nesses anos: o palco.
Dividiu sua personagem
em outras três. Uma canta
forró na banda Sedução de
Ubaí, inaugurada há oito
meses, com foco no público
do Nordeste. Outra, dedica-se ao tecnobrega em projeto
voltado exclusivamente a reler sucessos da nova música
pop paraense.
A última, e mais procurada de todas, é ela própria: a
Rainha do Bumbum, que rebola e canta sobre o mesmo
playback dos anos 1980 os
três únicos sucessos que emplacou na vida.
Nos três casos, a regra é:
se cair no chão, levantar-se e
começar tudo de novo.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Frases Índice | Comunicar Erros
|