São Paulo, domingo, 19 de setembro de 2010

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CRÍTICA COMÉDIA

Montagem de peça de Mike Leigh enfatiza sátira social

CHRISTIANE RIERA
CRÍTICA DA FOLHA

Em seu terceiro mergulho na dramaturgia de Mike Leigh, o diretor Mauro Vedia faz uma corajosa montagem da comédia "Os Penetras".
Escrito nos anos 80, o texto propõe chavões de vaudeville clássicos, como o bate porta com entradas e saídas de armários que causam confusão e surpresa. Mas muda de tom gradualmente, para revelar-se farsa contemporânea da sociedade britânica.
Quando Rex, dono de uma empresa de dedetização, sai em férias para Bahamas, Victor, seu empregado, invade sua casa junto a esposa, embriagados por álcool e pela extravagância do ambiente.
Os invasores, interpretados com precisão por Marcello Airoldi e Ana Andreatta, não sabiam que a incursão seria interrompida por outros penetras: o monossilábico filho de Rex e a namorada histérica, cuja atuação por Paula Arruda atinge momentos de brilhantismo cômico.
O paralelismo ágil entre as festas privadas dos casais engendra grande parte da tensão em torno da possível aparição de Rex e gera gargalhadas no primeiro ato da peça. Quando as bexigas dessa "festa" estão prontas para estourar, no entanto, murcham na virada para o segundo ato.
O conteúdo astuto da dramaturgia migra de ações físicas burlescas para se transformar em sátira social. "Eu sou apenas uma engrenagem na máquina do capitalismo", diz Victor, fazendo com que o cenário propositadamente cafona e objetos supérfluos espalhados materializem novos significados.
Mesmo perdendo a comédia, a montagem consegue fazer com que a ideia de que "quando o gato sai, os ratos fazem a festa" seja ofuscada pela pergunta sobre quem é o verdadeiro rato da história.


OS PENETRAS

ONDE teatro Jaraguá (r. Martins Fontes, 71, tel. 0/xx/11/3255-4380)
QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 21h e dom., às 19h
QUANTO de R$ 50 a R$ 60
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO bom



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