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'Angústia' ganha reedição comemorativa
Aniversário de 75 anos do romance de Graciliano Ramos é celebrado com ciclo de seminários em cinco capitais
Professora de literatura e neta do autor diz que clima sufocante da obra retrata estado de espírito do escritor à época
MARCO RODRIGO ALMEIDA
DE SÃO PAULO
Publicado há 75 anos, "Angústia", terceiro romance de Graciliano Ramos (1892-1953), volta às livrarias nesta semana, em edição especial pela editora Record.
O volume reúne posfácios de Otto Maria Carpeaux e Silviano Santiago, críticas publicadas de 1936 para cá e um texto de apresentação da professora de literatura Elizabeth Ramos, neta de Graciliano.
O romance também será tema de um ciclo de debates que começa amanhã em São Paulo, com a presença do crítico Antonio Candido.
Os seminários ainda seguem para Brasília (22/9), Salvador (4/10), Maceió (6/10) e Belo Horizonte (24/10) -a programação está em www.gracilianoramos.com.br.
O livro celebrado é narrado por Luís da Silva, funcionário público pobre e rancoroso. A trama faz jus ao título e apresenta um mundo sombrio, marcado por delírios e exageros que contrastam com o tom sóbrio dos livros anteriores do autor ("Caetés" e "São Bernardo").
A fase final da escrita do romance coincidiu com o recrudescimento da repressão do governo Getúlio Vargas e com a prisão de inúmeros ativistas de esquerda.
"O clima sufocante vem muito daquele momento político, da atmosfera de delações e ameaças veladas que ele vivia", diz Elizabeth, 60.
O próprio Graciliano foi preso em 3 de março 1936, poucas horas depois de entregar uma cópia de "Angústia" à datilógrafa. O livro foi publicado em agosto do mesmo ano, com o autor ainda preso. Até o fim da vida ele lamentaria não ter tido tempo de revisar o trabalho.
"Ele dizia que estava ruim, que precisava de cortes", diz Luiza Ramos, 80, filha do autor. "Era muito autocrítico, mas, no fundo, acho que gostava do livro."
ANGÚSTIA
AUTOR Graciliano Ramos
EDITORA Record
QUANTO R$ 69,90 (384 págs.)
SEMINÁRIO (EM SP)
QUANDO amanhã, a partir das 10h
ONDE prédio de ciências sociais e filosofia da USP (av. Luciano Gualberto, 315, sala 8)
QUANTO grátis
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