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Trompetista Enrico Rava traz o jazz da Itália
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Outro músico especial a desembarcar no Brasil nesta semana para apresentações no
Rio de Janeiro e em São Paulo é
Enrico Rava, trompetista italiano discípulo do timbre suave
de Chet Baker. Rava volta ao
Brasil após um hiato de 20
anos, depois de ter baixado
aqui três anos seguidos (1984,
1985, 1986) para temporada de
sucesso no JazzMania, famosa
casa no Rio de Janeiro.
Dessa vez, ele vem acompanhado de músicos da atual cena italiana, como o jovem
trombonista Gianluca Petrella,
além de Andrea Pozza no piano, Rosario Bonaccorso no baixo e Roberto Gatto na bateria.
Com exceção do pianista, é a
mesma banda que o acompanha em seu disco mais recente,
o sensível "Easy Living", lançado pela ECM em 2004.
Aos 66 anos, Rava tem em
seu currículo histórias invejáveis ao lado de Lee Konitz, Gato
Barbieri, Charlie Haden. Talvez
o mais importante músico italiano de jazz da atualidade, ele
comenta que, dentro do estilo,
não existe nacionalidade.
"Devo dizer que nunca tive
esse complexo de inferioridade
musical com os americanos.
Música é universal, é de todo
mundo. O jazz é o encontro da
música afro-americana com a
européia. Aconteceu em Nova
Orleans, mas podia ter acontecido na Europa, em Paris. A
música seria a mesma."
Rava contou também, em bate-papo com a Folha, por telefone, que suas duas maiores influências foram Miles Davis e
João Gilberto. "A música do
João me ensinou a tocar apenas
as notas que eu precisava.
Aprendi a beleza de tocar a melodia claramente e apenas fraseá-la de maneira interessante.
O Miles tinha toda aquela concentração, cada nota que ele tocava era profunda. Não é apenas um som bonito, é o som da
alma deles. É por isso que
quando eles tocam ou cantam
aquilo emociona tanto. Você
não está ouvindo apenas um
instrumento, mas alguém totalmente aberto, dizendo "este
sou eu". Hoje eles já entraram
em meu metabolismo, eu passo a digeri-los e encontro o
meu próprio som dentro dessas influências."
E sua música tem o som da
sua "alma"? "Ah, sim. Acho
que encontrei. O meu som é o
que mais gosto em mim."
(RE)
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