São Paulo, quarta-feira, 19 de outubro de 2005

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Trompetista Enrico Rava traz o jazz da Itália

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Outro músico especial a desembarcar no Brasil nesta semana para apresentações no Rio de Janeiro e em São Paulo é Enrico Rava, trompetista italiano discípulo do timbre suave de Chet Baker. Rava volta ao Brasil após um hiato de 20 anos, depois de ter baixado aqui três anos seguidos (1984, 1985, 1986) para temporada de sucesso no JazzMania, famosa casa no Rio de Janeiro.
Dessa vez, ele vem acompanhado de músicos da atual cena italiana, como o jovem trombonista Gianluca Petrella, além de Andrea Pozza no piano, Rosario Bonaccorso no baixo e Roberto Gatto na bateria. Com exceção do pianista, é a mesma banda que o acompanha em seu disco mais recente, o sensível "Easy Living", lançado pela ECM em 2004.
Aos 66 anos, Rava tem em seu currículo histórias invejáveis ao lado de Lee Konitz, Gato Barbieri, Charlie Haden. Talvez o mais importante músico italiano de jazz da atualidade, ele comenta que, dentro do estilo, não existe nacionalidade.
"Devo dizer que nunca tive esse complexo de inferioridade musical com os americanos. Música é universal, é de todo mundo. O jazz é o encontro da música afro-americana com a européia. Aconteceu em Nova Orleans, mas podia ter acontecido na Europa, em Paris. A música seria a mesma."
Rava contou também, em bate-papo com a Folha, por telefone, que suas duas maiores influências foram Miles Davis e João Gilberto. "A música do João me ensinou a tocar apenas as notas que eu precisava. Aprendi a beleza de tocar a melodia claramente e apenas fraseá-la de maneira interessante. O Miles tinha toda aquela concentração, cada nota que ele tocava era profunda. Não é apenas um som bonito, é o som da alma deles. É por isso que quando eles tocam ou cantam aquilo emociona tanto. Você não está ouvindo apenas um instrumento, mas alguém totalmente aberto, dizendo "este sou eu". Hoje eles já entraram em meu metabolismo, eu passo a digeri-los e encontro o meu próprio som dentro dessas influências."
E sua música tem o som da sua "alma"? "Ah, sim. Acho que encontrei. O meu som é o que mais gosto em mim." (RE)


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