São Paulo, quinta-feira, 19 de outubro de 2006 |
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30ª Mostra de SP O dia em que John Lennon enfrentou os Estados Unidos
Documentário registra a incrível batalha entre o governo mais poderoso do mundo e o ex-beatle, famoso ativista antiguerra
SÉRGIO DÁVILA DE WASHINGTON Um presidente conservador, que precisa justificar uma guerra cada vez mais impopular e procura silenciar seus críticos com intimidação jurídica e legal. Que tem entre os membros de seu gabinete nomes como Dick Cheney e Donald Rumsfeld. Você já viu essa história? Não como a contam os diretores David Leaf e John Scheinfeld no documentário "Os Estados Unidos contra John Lennon", o longa de abertura da 30ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que terá sua primeira exibição hoje, em sessão para convidados, no Auditório Ibirapuera. O presidente, é claro, é Richard Nixon, que passou o final do primeiro de seus dois mandatos (1969-1974) obcecado com a figura do músico. Para Nixon, que deixaria a Casa Branca pela porta dos fundos, ao renunciar em 8 de agosto de 1974, o ex-beatle John Lennon começava a se tornar perigosamente o rosto do sentimento antiguerra do Vietnã que dividia a opinião pública de seu país. Ele encarregou J. Edgar Hoover, o perene chefe do FBI (1923-1972), de coletar provas suficientes que pudessem incriminar o músico, cidadão britânico, em um processo de extradição dos EUA. O caso não deu em nada juridicamente, mas rendeu um arquivo de 281 páginas (algumas delas ainda hoje censuradas pelo FBI) e este filme, que é centrado na batalha entre o músico e o governo para fazer uma interessante cinebiografia. A Folha conversou por telefone com os dois diretores. FOLHA - Quem vê paralelos entre as ações de Richard Nixon e a do governo atual está sendo paranóico ou exagerado? DAVID LEAF - O que queríamos era mostrar a história como aconteceu e deixar para o público fazer suas próprias comparações. JOHN SCHEINFELD - Nós começamos a pensar no filme dez anos atrás. Estávamos muito intrigados com um governo tentando silenciar um músico. Mas claro que, após 11 de Setembro e a Guerra do Iraque, tudo ganhou um sentido diferente, e a comparação se tornou inevitável. O resultado, acho, é um filme para quem gosta de música, dos Beatles, de Lennon mas também para quem aprecia a liberdade. FOLHA - Por que filmar essa história agora?
FOLHA - Em algumas passagens do
filme, John Lennon diz que acredita
estar sendo seguido pelo FBI e ninguém acredita nele. Hoje em dia, as
pessoas achariam estranho se ele
não estivesse sendo seguido, com
todo aquele ativismo antiguerra e a
mensagem pacifista. O que mudou
nos EUA nesses 30 anos?
FOLHA - Vocês conseguiram imagens de arquivo surpreendentes, como a do momento em que Lennon
finalmente recebe seu "green card".
Quão difícil foi coletar o material?
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