São Paulo, sexta-feira, 19 de outubro de 2007

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Última Moda

ALCINO LEITE NETO, em Paris - ultima.moda@folha.com.br

Moço de estilo

O stylist inglês Judy Blame, que vem a SP, diz que estilistas brasileiros precisam parar de falar mal uns dos outros

Considerado um dos mais importantes stylists do mundo, o inglês Judy Blame desembarca no Brasil em novembro. Ele é um dos convidados do evento Pense Moda, que promoverá cinco dias de palestras e debates sobre o futuro da criação brasileira.
Stylists são figuras essenciais no mundo da moda. São eles que compõem o estilo das modelos, escolhendo roupas e acessórios que elas usarão e opinando sobre o cabelo. Dessa forma, ajudam a criar unidade e personalidade para um desfile ou um editorial fotográfico.
Em inglês, "stylist" significa estilista. Mas no Brasil a profissão é nomeada em inglês para ser diferenciada de "estilista" -palavra que aqui é usada para indicar o criador das roupas.
A carreira de Blame começou nos anos 80, quando ele se juntou à turma hype do fotógrafo Ray Petri, chamada de os Buffalo Boys. Desde então, fez trabalhos de styling e direção de arte para cantores como Björk, Neneh Cherry e Boy George e assinou centenas de editoriais em revistas famosas como "i-D", "W" e "Numéro".
Blame já fez colaborações para uma linha de bolsas da Louis Vuitton, criou diversos calçados para a Melissa e assinou uma disputada coleção especial em conjunto com Alexandre Herchcovitch. Antes de sua nova passagem pelo Brasil, ele falou à Folha, por e-mail, de Londres, e criticou a falta de união entre os estilistas brasileiros.
"Eles precisam parar de falar mal uns dos outros", disse.

 

FOLHA - O que falta para a moda brasileira ganhar relevância no cenário internacional?
JUDY BLAME -
O maior desafio é dar forma ao espírito do Brasil. Encontrar maneiras de expressar as cores, os sons, a vida do país. Quem conseguir fazer isso de verdade vai ficar rico. E tem outra coisa: a moda brasileira precisa de mais espírito de cooperação. Os estilistas precisam parar de fofocar e de falar mal uns dos outros.

FOLHA - Quais são suas lojas e grifes brasileiras preferidas?
BLAME -
Gosto muito do Alexandre Herchcovitch, com quem já trabalhei, e da H. Stern, na parte de acessórios. Entre as lojas, gosto da Galeria Melissa e de uma outra, chamada Palácio das Plumas, que fica na rua 25 de Março. Todos esses nomes já inspiraram criações minhas.

FOLHA - Como foi trabalhar com Herchcovitch?
BLAME -
Eu amo o Herchcovitch por suas criações incríveis, sem vergonha de ousar. Se nós dois passássemos mais tempo juntos, provavelmente dominaríamos o mundo!

FOLHA - Você circula no limite entre o mundo da moda e o da arte. Como anda a relação entre essas realidades?
BLAME -
A moda e a arte sempre foram amantes. Todas as pessoas realmente criativas são atraídas por ambas.

FOLHA - No que você está trabalhando atualmente?
BLAME -
Estou fazendo uma linha de camisetas chamada London Bollocks, em parceria com meu amigo Dave Baby, que é artista plástico. Na última temporada de desfiles, desenvolvi acessórios para o estilista Gareth Pugh. Além disso, continuo criando jóias para a loja Dover Street Market, em Londres, e fazendo trabalhos de styling para editoriais de revistas e vídeos.


com VIVIAN WHITEMAN

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