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Última Moda
ALCINO LEITE NETO, em Paris - ultima.moda@folha.com.br
Moço de estilo
O stylist inglês Judy Blame, que vem a SP, diz que estilistas
brasileiros precisam parar de falar mal uns dos outros
Considerado um dos mais
importantes stylists do mundo,
o inglês Judy Blame desembarca no Brasil em novembro. Ele
é um dos convidados do evento
Pense Moda, que promoverá
cinco dias de palestras e debates sobre o futuro da criação
brasileira.
Stylists são figuras essenciais
no mundo da moda. São eles
que compõem o estilo das modelos, escolhendo roupas e
acessórios que elas usarão e
opinando sobre o cabelo. Dessa
forma, ajudam a criar unidade e
personalidade para um desfile
ou um editorial fotográfico.
Em inglês, "stylist" significa
estilista. Mas no Brasil a profissão é nomeada em inglês para
ser diferenciada de "estilista"
-palavra que aqui é usada para
indicar o criador das roupas.
A carreira de Blame começou
nos anos 80, quando ele se juntou à turma hype do fotógrafo
Ray Petri, chamada de os Buffalo Boys. Desde então, fez trabalhos de styling e direção de arte
para cantores como Björk, Neneh Cherry e Boy George e assinou centenas de editoriais em
revistas famosas como "i-D",
"W" e "Numéro".
Blame já fez colaborações para uma linha de bolsas da Louis
Vuitton, criou diversos calçados para a Melissa e assinou
uma disputada coleção especial
em conjunto com Alexandre
Herchcovitch. Antes de sua nova passagem pelo Brasil, ele falou à Folha, por e-mail, de Londres, e criticou a falta de união
entre os estilistas brasileiros.
"Eles precisam parar de falar
mal uns dos outros", disse.
FOLHA - O que falta para a moda
brasileira ganhar relevância no cenário internacional?
JUDY BLAME - O maior desafio é
dar forma ao espírito do Brasil.
Encontrar maneiras de expressar as cores, os sons, a vida do
país. Quem conseguir fazer isso
de verdade vai ficar rico. E tem
outra coisa: a moda brasileira
precisa de mais espírito de cooperação. Os estilistas precisam
parar de fofocar e de falar mal
uns dos outros.
FOLHA - Quais são suas lojas e grifes brasileiras preferidas?
BLAME - Gosto muito do Alexandre Herchcovitch, com
quem já trabalhei, e da H.
Stern, na parte de acessórios.
Entre as lojas, gosto da Galeria
Melissa e de uma outra, chamada Palácio das Plumas, que
fica na rua 25 de Março. Todos
esses nomes já inspiraram criações minhas.
FOLHA - Como foi trabalhar com
Herchcovitch?
BLAME - Eu amo o Herchcovitch por suas criações incríveis, sem vergonha de ousar. Se
nós dois passássemos mais
tempo juntos, provavelmente
dominaríamos o mundo!
FOLHA - Você circula no limite entre o mundo da moda e o da arte.
Como anda a relação entre essas
realidades?
BLAME - A moda e a arte sempre foram amantes. Todas as
pessoas realmente criativas são
atraídas por ambas.
FOLHA - No que você está trabalhando atualmente?
BLAME - Estou fazendo uma linha de camisetas chamada
London Bollocks, em parceria
com meu amigo Dave Baby,
que é artista plástico. Na última temporada de desfiles, desenvolvi acessórios para o estilista Gareth Pugh. Além disso,
continuo criando jóias para a
loja Dover Street Market, em
Londres, e fazendo trabalhos
de styling para editoriais de revistas e vídeos.
com VIVIAN WHITEMAN
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