São Paulo, domingo, 19 de outubro de 2008

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Crítica

Alonso parece acomodado em "Liverpool"

CRÍTICO DA FOLHA

É necessário reconhecer o rigor de Lisandro Alonso, cineasta que cultiva a composição geométrica da imagem, ama a perspectiva e não teme planos longos. Em um tempo em que a preocupação com a linguagem e o desenho dos personagens estão entregues às baratas, é um cineasta a se respeitar. No entanto, há algo de estático em seus filmes -e não só os tempos mortos que dominam a tela.
É como se esse jovem autor, elevado à condição de expoente do novo cinema argentino por "La Libertad" e "Los Muertos", tivesse se acomodado. Seus personagens carregam um mínimo de fascínio e, em geral, custam a despertar interesse. Não é só uma questão de roteiro, de drama, mas um sentimento ligado à forma distanciada assumida pela câmera. Em "Liverpool", acompanhamos um homem que viaja pela Patagônia para saber se sua mãe ainda está viva.
O vazio que domina o filme parece mais fruto de um esgotamento do que de uma inquietação estética. O fato de Alonso abandonar seu personagem meio sem explicação e optar por se deter naqueles que encontrou pelo caminho talvez seja um sintoma do próprio desinteresse do cineasta pelo personagem que criou. Ao fim da sessão, uma pergunta se impõe: "Ok, mas e daí?". (PEDRO BUTCHER)


LIVERPOOL
Quando: hoje, às 19h50, na Cinemateca -°sala BNDES; dia 30, às 14h50, no Unibanco Arteplex 3
Classificação: não indicado a menores de 14 anos
Avaliação: regular


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