DA REPORTAGEM LOCAL

Testar o potencial de público e impulsionar o lançamento comercial do filme são as consequências práticas que os cineastas esperam da participação em um festival competitivo. Atualmente, gasta-se entre R$ 500 mil e R$ 900 mil para lançar um título brasileiro em circuito nacional.
A produção de "O Invasor", de Beto Brant, custou R$ 700 mil e foi incentivada por prêmio do Ministério da Cultura para filmes de baixo orçamento. "Cheguei ao final do processo de produção sem fôlego para o lançamento. Tenho a primeira cópia e acabou. Sem a curiosidade que um festival como o de Brasília desperta, como mostraria o filme?", diz o cineasta.
Suzana Amaral planeja a chegada de "Uma Vida em Segredo" às telas do país "para abril ou maio de 2002" e também acha que a vitrine do festival possa ajudar a obter recursos para o lançamento. "Quem sabe uma distribuidora internacional se interessa?", diz a diretora, reconhecida em Berlim por "A Hora da Estrela".
O caráter de encontro artístico, a oportunidade de diálogo e reflexão sobre a própria atividade são os aspectos que mais atraem Luiz Fernando Carvalho ("Lavoura Arcaica") e o escritor Tabajara Ruas, que co-dirigiu com Beto Souza "Netto Perde a Sua Alma".
"Não vejo outra função para um festival senão a discussão do cinema. Já fiquei desgostoso com festivais de que participei e em que até ganhei prêmios, como o de Montréal, por não terem esse caráter. Privilegiavam questões mercadológicas. Um festival não pode ser só feira", diz Carvalho.
"Não dou muita importância para a premiação. Não sei qual é o júri nem ao certo quais são os filmes em competição. O bom é a festa cultural, a oportunidade de conversar com outros realizadores", afirma Ruas.
Dois concorrentes de Brasília voltarão a se enfrentar em breve. "Lavoura Arcaica" e "Samba Riachão" participam do Festival do Novo Cinema Latino-Americano em Havana (Cuba), de 3 a 13 de dezembro. Já "Netto Perde a Sua Alma" é o único brasileiro na competição, em curso, da cidade espanhola de Huelva. (SA)



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