|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crítica
"Dr. Jivago" erra a mão no sentimentalismo
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
A indústria de cinema acredita que o choro é uma vitória e
que os irmãos Lumière inventaram os filmes para que as pessoas chorassem.
Pode ser uma função, mas
não é, com certeza, a única. Ela
pode, eventualmente, atrapalhar certas obras, como "Dr. Jivago" (TCM, 22h), que poderia ser mais que um subproduto da Guerra Fria, não fosse
ele, por excelência, um subproduto da Guerra Fria.
Apesar disso, e apesar de nos
enfiar a toda hora o tema de Lara goela abaixo, o filme dirigido
por David Lean informa com
honestidade sobre a maneira
como um intelectual progressista -embora de origem burguesa- vive as atribulações da
Revolução Russa e as seqüelas
desta.
E que seqüelas! Pois é nos
anos Stálin que Boris Pasternak, o autor do relato, viverá as
disfunções do marxismo, já
num momento de exacerbação.
Os excessos sentimentais hoje
depõem contra David Lean,
mas o fim da Guerra Fria permite olhar sem preconceitos
para certos fatos ali narrados.
Texto Anterior: Documentário: Especial decifra o fenômeno karaokê Próximo Texto: Resumo das novelas Índice
|