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TELEVISÃO
Crítica
David Cronenberg conta história quase normal
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Os tempos são conservadores, mas o canadense David
Cronenberg sabe bem como sobreviver a eles.
Em "Senhores do Crime" (TC Premium, 1h50; 16 anos),
por exemplo, controla o aspecto habitualmente mais polêmico de seus filmes (as mutações
violentas e as intervenções
inesperadas no corpo). Cronenberg investe mais em questões mais evidentes, como a
máfia russa.
Ela se faz presente na Inglaterra, envolvida em tráfico de
crianças, tendo por principal
agente um bondoso dono de
restaurante, Semyon (Armin
Mueller-Stahl), seu filho (vivido por Vincent Cassel) e o amigo deste, Viggo Mortensen. É
uma história quase normal.
Quase.
Mas lá está Cronenberg. E os
olhos de Semyon têm um brilho metálico, inumano. Elemento perturbador, sem dúvida, e na verdade aquele a que o
diretor mais parece dar atenção. Bem mais do que à questão
de identidades levantada no roteiro. Os mutantes andam mais
disfarçados, mas Cronenberg
não os abandonou.
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