São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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Montagem questiona paixões de vingança

"12 Homens e uma Sentença" coloca em cena júri responsável por definir culpa de jovem acusado de matar o pai

Para diretor, volta da discussão sobre intolerância social atualiza a dramaturgia do macarthismo

LUCAS NEVES
DE SÃO PAULO

Uma dúzia de homens de diferentes estratos sociais e formações está confinada em uma sala anexa ao cenário do julgamento de um jovem acusado de matar o pai. Os jurados só estão autorizados a deixar a clausura após chegarem a um veredicto, que deve ser unânime.
A guerra de nervos e o duelo de malabarismos retóricos entre os que são contra e os que defendem a pena capital são as âncoras de "12 Homens e uma Sentença", enredo celebrizado pelo filme homônimo de Sidney Lumet (1957) e levado pela primeira vez à cena brasileira na montagem que estreia hoje.
Eduardo Tolentino dirige. "Essa dramaturgia do macarthismo, como "12..." e "O Vento Será Tua Herança", está sendo redescoberta agora, talvez pelo fato de as questões da imigração e das intolerâncias sociais voltarem à ordem do dia", diz ele.
Numa sala que respira austeridade, o júri deve decidir objetivamente, sem paixões. É tudo o que, ao menos no princípio, não faz, esquecendo-se de pendurar no cabideiro da entrada, além dos casacos, preconceitos e partidos tomados de antemão.

DÚVIDA RAZOÁVEL
A tensão se acirra à medida que os argumentos da acusação se mostram inconsistentes, abrindo espaço para a "dúvida razoável", conceito-chave. A questão é: tampouco a inocência do acusado tem anteparo.
Tolentino vê na comoção popular causada por casos como os de Isabella Nardoni e Suzane von Richtofen um espelho vivo do impasse.
"Me impressiona o estado de fúria. Você não sabe como os fatos aconteceram, que impulsos os guiaram. Não está sendo levado por paixões, objetivos de vingança pessoal ao comemorar isso [prisões e condenações] como se fosse futebol?"
A montagem marca a volta à cena de José Renato, 84, fundador do Teatro de Arena que fez carreira como encenador. O hiato, só cortado por uma outra substituição eventual, foi de 55 anos.

12 HOMENS E UMA SENTENÇA

QUANDO de qui. a sáb., às 19h30, dom., às 18h; até 19/12
ONDE CCBB (r. Álvares Penteado, 112, tel. 0/xx/11/3113-3651)
QUANTO de R$ 7 a R$ 15
CLASSIFICAÇÃO 12 anos


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