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Montagem questiona paixões de vingança
"12 Homens e uma Sentença" coloca em cena júri responsável por definir culpa de jovem acusado de matar o pai
Para diretor, volta
da discussão sobre intolerância social atualiza a dramaturgia do macarthismo
LUCAS NEVES
DE SÃO PAULO
Uma dúzia de homens de
diferentes estratos sociais e
formações está confinada em
uma sala anexa ao cenário do
julgamento de um jovem
acusado de matar o pai. Os
jurados só estão autorizados
a deixar a clausura após chegarem a um veredicto, que
deve ser unânime.
A guerra de nervos e o duelo de malabarismos retóricos
entre os que são contra e os
que defendem a pena capital
são as âncoras de "12 Homens e uma Sentença", enredo celebrizado pelo filme homônimo de Sidney Lumet
(1957) e levado pela primeira
vez à cena brasileira na montagem que estreia hoje.
Eduardo Tolentino dirige.
"Essa dramaturgia do macarthismo, como "12..." e "O
Vento Será Tua Herança", está sendo redescoberta agora,
talvez pelo fato de as questões da imigração e das intolerâncias sociais voltarem à
ordem do dia", diz ele.
Numa sala que respira
austeridade, o júri deve decidir objetivamente, sem paixões. É tudo o que, ao menos
no princípio, não faz, esquecendo-se de pendurar no cabideiro da entrada, além dos
casacos, preconceitos e partidos tomados de antemão.
DÚVIDA RAZOÁVEL
A tensão se acirra à medida que os argumentos da
acusação se mostram inconsistentes, abrindo espaço para a "dúvida razoável", conceito-chave. A questão é:
tampouco a inocência do
acusado tem anteparo.
Tolentino vê na comoção
popular causada por casos
como os de Isabella Nardoni
e Suzane von Richtofen um
espelho vivo do impasse.
"Me impressiona o estado
de fúria. Você não sabe como
os fatos aconteceram, que
impulsos os guiaram. Não está sendo levado por paixões,
objetivos de vingança pessoal ao comemorar isso [prisões e condenações] como se
fosse futebol?"
A montagem marca a volta
à cena de José Renato, 84,
fundador do Teatro de Arena
que fez carreira como encenador. O hiato, só cortado
por uma outra substituição
eventual, foi de 55 anos.
12 HOMENS E UMA
SENTENÇA
QUANDO de qui. a sáb., às 19h30,
dom., às 18h; até 19/12
ONDE CCBB (r. Álvares Penteado,
112, tel. 0/xx/11/3113-3651)
QUANTO de R$ 7 a R$ 15
CLASSIFICAÇÃO 12 anos
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