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Liberatore volta à HQ e retoma saga de Lucy
Italiano desenha história de amor da primata, cujo esqueleto foi achado em 74
Exposição em Paris acompanha lançamento de "Lucy - L'Espoir" na Europa; ilustrador ficou dez anos afastado dos quadrinhos
Divulgação
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A primata Lucy desenhada por Tanino Liberatore para o livro recém-lançado na Europa, feito em parceria com Patrick Norbert
GABRIELA LONGMAN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dez anos depois, ele está de
volta. Três milhões de anos depois, ela está de volta. Ele é um
dos principais quadrinistas italianos, Tanino Liberatore, ilustrador do andróide Ranxerox.
Ela é Lucy, a célebre ancestral
da humanidade cujo esqueleto
foi encontrado na África em 74.
O retorno de ambos está registrado em "Lucy - L'Espoir"
(Capitol Editions), álbum de
quadrinhos que acaba de ser
lançado na Europa, acompanhado de uma exposição em
Paris com as ilustrações de Liberatore para o projeto, criado
em parceria com o roteirista
Patrick Norbert.
A HQ imagina uma saga para
Lucy -um hominídeo da espécie Australopithecus afarensis,
encontrado na Etiópia-, colocando-a como uma Eva que vive a "primeira história de amor
do mundo", o romance original
que geraria a humanidade.
Além de marcar a volta de Liberatore às HQs, o novo álbum
também é seu reencontro com
a ancestral, que já havia desenhado no livro "Le Rêve de
Lucy" (o sonho de Lucy), do escritor Pierre Pelot em parceria
com o antropólogo Yves Coppens, membro da expedição
que descobriu o esqueleto.
"Foi justamente Coppens
quem sugeriu meu nome para o
roteirista de "Lucy, L'Espoir'",
disse Liberatore à Folha, que
falou com o desenhista por telefone e ao vivo, na abertura da
exposição em Paris.
"Estou trabalhando com
Lucy desde o fim de 1999. Tudo
começou quando pensava num
cenário para um filme. Norbert
me pediu que fizesse desenhos
parecidos com os que havia feito para "Le Rêve", queria 12 ilustrações grandes, em crayon,
que fiz. Depois de discutirmos,
decidimos fazer desenhos diferentes, e surgiu a HQ."
Perdida na selva
Em "Lucy", a heroína se perde de seu bando após uma tempestade. Vagando amedrontada pelas savanas africanas, sozinha pela primeira vez, ela
cruza o caminho de um caçador
australopiteco de outro bando,
assiste a ele desafiar o macho
dominante de um grupo e perder a briga, virando um pária.
É entre esses dois solitários
que se desenvolve o romance,
com traços de "Romeu e Julieta", graças às diferenças intransponíveis entre suas "famílias". A relação dos dois começa
hostil, depois se torna cautelosa e, por fim, amorosa.
"A esperança" [do subtítulo
francês, "l'espoir'] foi uma sugestão minha, para que os leitores se dessem conta de que essa
primeira história de amor representa a mesma esperança
que temos até hoje."
O traço hiperealista que Liberatore usou para ilustrar os
personagens pode ser conferido nas 11 páginas disponíveis
no site www.lucy-bd.com/preview.html.
Longa pausa
Liberatore, 54, é irônico ao
falar sobre sua ausência do
meio que lhe deu fama, as HQs.
"Estou com essa mania de
lançar uma nova HQ a cada dez
anos... espero estar vivo para fazer a próxima", disse.
"Mesmo meus outros álbuns
tiveram um bom intervalo entre eles. Não sou um grande desenhista de quadrinhos, sou um
ilustrador. Repetir a mesma
coisa por 50, 60 páginas, como
nas HQs, é verdadeiramente
frustrante para mim. Também
não encontrei histórias que me
interessassem para desenhar."
O desenhista, que além de
ilustrar trabalhou com filmes
durante sua ausência dos quadrinhos,
pretende agora se voltar para
suas aquarelas, óleos e atividades como ilustrador.
"Meus projetos imediatos
são desenhar para mim mesmo, fazer quadros e aquarelas
um pouco diferentes de tudo
que já fiz até agora. Depois decidirei se vou fazer outra HQ."
Exposição em Paris
Vinte e quatro dos desenhos
originais feitos por Liberatore
para "Lucy" foram reunidos para uma exposição em Paris.
Durante a abertura, na última sexta-feira, o ambiente moderníssimo da pequena galeria
Arludik, na Île Saint-Louis,
contrastava com a selva africana de 3,7 milhões de anos dos
quadrinhos.
Divididas nas duas pequenas
salas da galeria, as pranchas
emolduradas de 1,10 x 0,70 m
custavam entre 1.500 e 3.800
(no livro de assinaturas do vernissage, um fã reclamava do
"preço abusivo").
No evento, o autor aproveitou para autografar exemplares da nova HQ e, falando à reportagem, elogiou o Brasil.
"Estive no Rio há cerca de 20
anos. No começo, pensei que
não iria gostar, porque não sou
exatamente um fã de samba; ledo engano, terminei a viagem e
fui embora encantado com a
beleza da cidade. Me disseram
que está mais perigoso agora,
mas sei que o desenho das
montanhas não mudou."
A exposição acontece até 15
de janeiro, com entrada franca.
"Lucy", o álbum, ainda não está
disponível no Brasil, mas pode
ser comprado em livrarias on-line como a Amazon francesa
(www.amazon.fr) ou a Fnac
(www.fnac.com).
LUCY - L'ESPOIR
Autores: Tanino Liberatore e Patrick Norbert
Editora: Capitol Editions
Quanto: 23,56 (R$ 62), em média
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