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CRÍTICA
Disco prioriza mestres do gênero
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Nenhum disco de Antonio
Nóbrega é um amontoado
de faixas. Da primeira à última,
cria-se um universo, uma família
de idéias e temas que descende
dos múltiplos interesses do artista. Sendo assim, um CD seu pede
para ser avaliado como um todo,
não como peças separadas.
Como indica o trocadilho-título, "Nove de Frevereiro" (referência à data em que, em 1907, pela
primeira vez a palavra "frevo"
saiu em um jornal) é dedicado ao
principal gênero pernambucano.
Coerente com seu perfil de restaurador de coisas pouco lembradas, Nóbrega foge dos frevos mais
em voga para montar um painel
que parte das primeiras décadas
do século para chegar em uma
composição recente sua e de Wilson Freire: "Garrincha".
E é sua única música no CD. Em
nenhum outro disco, ele se fez tão
pouco presente como compositor. Sua prioridade foi mesmo
mostrar os grandes mestres do
frevo. Dos mais famosos, como
Capiba ("A Pisada É Essa") e Nelson Ferreira ("Isquenta Muié"),
até alguns não tão conhecidos, como Clóvis Mamede ("Sonhei que
Estava em Pernambuco").
O violinista Nóbrega aparece
muito no disco, especialmente
porque sete das 15 faixas são instrumentais. A opção atesta a despreocupação comercial do artista
e permite a quem ouve reconhecer a grande abertura do gênero.
Nas músicas com letra, Nóbrega
exibe seu estilo marcado pela teatralidade. Em algumas faixas, como "Ingratidão", o resultado soa
mais agradável do que em outras,
como "Vão me Levando".
O resultado é um passeio pela
história de um gênero maravilhoso que continua pouco familiar
fora de Pernambuco. Nóbrega dá
sua delicada contribuição para
que a familiaridade se construa.
Nove de Frevereiro
Artista: Antonio Nóbrega
Gravadora: Brincante
Quanto: R$ 30, em média
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