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Ex-"Chiquititas" vira galã do elevador
Felipe Reis, que foi vilão da novelinha feita pelo SBT na Argentina, é sucesso na internet com série gravada em seu prédio
Com câmera comprada no Paraguai e a participação da namorada e da família, ator já fez 35 episódios do seriado "Conversas de Elevador"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Para se dar bem nessa profissão de ator tem que ficar enchendo o saco de muita gente,
fazendo lobby e um socialzinho. Eu não curto isso."
Com um currículo que não ia
muito além de um papel como
vilão da extinta novelinha "Chiquititas", exibida pelo SBT de
1997 a 2001, Felipe Reis, 25,
achava que a carreira não ia dar
pé. Em 2006, deixou de lado a
busca por uma vaga entre as estrelas e foi viajar com a namorada. Foi quando comprou uma
câmera de vídeo no Paraguai, e
tudo começou a mudar.
Certo dia, em 2007, estava
com o irmão no apartamento
onde moram com os pais, perto
da av. Paulista, e o chamou para
"fazer umas coisas" com a câmera. O caçula teve a idéia: "Vamos filmar no elevador?".
Assim começou uma das
mais bem-sucedidas séries caseiras da internet do país.
"Conversas de Elevador" já tem
35 episódios, é uma das mais
vistas no Fiz TV (site e canal de
TV com vídeos de computador), e Reis, um dos primeiros a
ser remunerado pelo trabalho.
O Fiz paga R$ 50 por minuto
-os 35 capítulos de "Conversas" somam uns R$ 5.000.
Tudo é feito no prédio de
classe média alta onde mora.
Fora o cenário principal, o elevador, com pouco mais de 1 m2,
aparecem o hall de alguns andares e o da entrada. Cícero, o
zelador, faz pontas como ele
mesmo. Para não ouvir reclamação de vizinhos, Reis grava
na madrugada.
São vídeos de humor com
cerca de três minutos cada um,
que contam encontros do protagonista Edgar (Reis), representante de indústria farmacêutica, com vizinhos, funcionários e visitantes do fictício
edifício Barão de Salameira.
Reis, que estudou rádio e TV,
cria os roteiros, produz as cenas com roupas e objetos seus e
dos chegados, grava as imagens
e as edita em um computador
em seu quarto. Quando Edgar
aparece em cena, a câmera está
fixa em um tripé.
No "set", que a Folha acompanhou, ele corre de um lado
para o outro e se aperta com a
câmera, o tripé e outros atores
no elevador, mas se diverte.
O garoto já colocou na roda,
ou melhor, no elevador, a namorada (a gostosa da cobertura), o pai (um âncora de TV sabe-tudo), a mãe (a cri-cri do 22), o irmão (o moleque do 12),
o avô e a tia de um amigo. Certa
vez, bolou um roteiro que envolvia um anão, que achou pelo
Orkut e participou, como os
outros "astros" da série, por
nenhum tostão. "Barracos"
reais do condomínio inspiram
episódios, e Reis torce para que
os vizinhos não virem seus espectadores. Com o sucesso,
quer convencer famosos a visitar o Barão de Salameira. Rita
Lee é seu alvo principal. "Seria
a mãe malucona do Edgar".
(LAURA MATTOS)
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