São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2008

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Ex-"Chiquititas" vira galã do elevador

Felipe Reis, que foi vilão da novelinha feita pelo SBT na Argentina, é sucesso na internet com série gravada em seu prédio

Com câmera comprada no Paraguai e a participação da namorada e da família, ator já fez 35 episódios do seriado "Conversas de Elevador"

DA REPORTAGEM LOCAL

"Para se dar bem nessa profissão de ator tem que ficar enchendo o saco de muita gente, fazendo lobby e um socialzinho. Eu não curto isso."
Com um currículo que não ia muito além de um papel como vilão da extinta novelinha "Chiquititas", exibida pelo SBT de 1997 a 2001, Felipe Reis, 25, achava que a carreira não ia dar pé. Em 2006, deixou de lado a busca por uma vaga entre as estrelas e foi viajar com a namorada. Foi quando comprou uma câmera de vídeo no Paraguai, e tudo começou a mudar.
Certo dia, em 2007, estava com o irmão no apartamento onde moram com os pais, perto da av. Paulista, e o chamou para "fazer umas coisas" com a câmera. O caçula teve a idéia: "Vamos filmar no elevador?".
Assim começou uma das mais bem-sucedidas séries caseiras da internet do país. "Conversas de Elevador" já tem 35 episódios, é uma das mais vistas no Fiz TV (site e canal de TV com vídeos de computador), e Reis, um dos primeiros a ser remunerado pelo trabalho. O Fiz paga R$ 50 por minuto -os 35 capítulos de "Conversas" somam uns R$ 5.000.
Tudo é feito no prédio de classe média alta onde mora. Fora o cenário principal, o elevador, com pouco mais de 1 m2, aparecem o hall de alguns andares e o da entrada. Cícero, o zelador, faz pontas como ele mesmo. Para não ouvir reclamação de vizinhos, Reis grava na madrugada.
São vídeos de humor com cerca de três minutos cada um, que contam encontros do protagonista Edgar (Reis), representante de indústria farmacêutica, com vizinhos, funcionários e visitantes do fictício edifício Barão de Salameira. Reis, que estudou rádio e TV, cria os roteiros, produz as cenas com roupas e objetos seus e dos chegados, grava as imagens e as edita em um computador em seu quarto. Quando Edgar aparece em cena, a câmera está fixa em um tripé.
No "set", que a Folha acompanhou, ele corre de um lado para o outro e se aperta com a câmera, o tripé e outros atores no elevador, mas se diverte.
O garoto já colocou na roda, ou melhor, no elevador, a namorada (a gostosa da cobertura), o pai (um âncora de TV sabe-tudo), a mãe (a cri-cri do 22), o irmão (o moleque do 12), o avô e a tia de um amigo. Certa vez, bolou um roteiro que envolvia um anão, que achou pelo Orkut e participou, como os outros "astros" da série, por nenhum tostão. "Barracos" reais do condomínio inspiram episódios, e Reis torce para que os vizinhos não virem seus espectadores. Com o sucesso, quer convencer famosos a visitar o Barão de Salameira. Rita Lee é seu alvo principal. "Seria a mãe malucona do Edgar".
(LAURA MATTOS)


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