São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2008

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Medo de desfile no rio Tietê se dissemina entre fashionistas

Público acompanhará show da grife Cavalera, que acontece hoje de manhã, de dentro de um barco; doenças e mau cheiro preocupam alguns convidados

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA

"E se eu pegar alguma doença?" "Será que eu levo repelente?" As frases, ditas em tom de apreensão, estavam na boca de convidados da Cavalera para o desfile da grife, previsto para acontecer na manhã de hoje em um barco no meio do rio Tietê.
O temor está ligado ao medo de ser "atingido" pela poluição do rio, que recebe cerca de três bilhões de litros de esgoto por dia. A grife escolheu o local para fazer ao mesmo tempo um protesto contra a poluição no rio.
"Ainda não sei se vou. Estava animada, mas muitos amigos disseram que eu correria um grande risco de pegar doenças", disse a consultora de moda Costanza Pascolato, dois dias antes do desfile.
"Sou uma hipocondríaca fanática. Não faço idéia de que doença possa pegar, mas sei que existem várias", afirma.
Costanza lembra que ouviu a história de um ator que foi parar no hospital depois de cair no rio durante a apresentação, em 2006, da peça "BR-3", do grupo Teatro da Vertigem, realizada no mesmo barco que levará os fashionistas pelo rio.
Por precaução, a marca distribuiu com o convite um kit que inclui uma capa de plástico e uma máscara tipo cirúrgica. Mas os convidados mais temerosos se preparavam para redobrar os cuidados. "Vou me encher de repelente", diz o apresentador Max Fivelinha.
"Tenho muito medo de ir, e além disso o perfume não é nada agradável", diz a editora de moda Regina Guerreiro, que não pretende colocar seus pés no local.
Alguns fashionistas, porém, acham a ida a um "local perigoso" uma espécie de "esporte radical". "Não é divertido pensar que você vai a um lugar onde, se cair, pode morrer afogado no meio do esgoto?", pergunta, entre risos, a designer e editora de moda Jussara Romão.
De acordo com o médico Vicente Amato Neto, um dos principais infectologistas do país, "nada de grave pode acontecer se a pessoa ficar quieta no barco, sem se molhar".
Mas se ela tomar contato com a água do rio Tietê corre, sim, o risco de contrair doenças graves. "Nessas águas existem muitos, mas muitos vírus e bactérias que podem causar infecções e viroses sérias", alerta.
De acordo com ele, o contato com a água na pele pode causar abcessos, micoses e vários tipos de infecções cutâneas.
O risco de ser picado por mosquitos, como o da dengue, tão temido entre os fashionistas, não é preocupante, segundo o especialista.
"A quantidade de mosquitos que existe no rio Tietê é a mesma que existe na sua casa", informa Neto.
Os mais hipocondríacos também não devem temer a febre amarela. "O risco de pegar essas doenças está em áreas silvestres e matas", explica o médico.


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