São Paulo, quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

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OPINIÃO

Palcos de Berlim fundem clássicos e experimentações

CRÍTICA DA FOLHA, EM BERLIM

Os teatros de Berlim atravessam um momento de reestruturação em consonância com uma nova geografia que surge sobre os escombros do muro.
No colapso dos eixos Leste e Oeste, bairros ganham outras características. É comum uma antiga região de trabalhadores abrigar a classe média afluente.
O Berliner Ensemble, berço marxista de Bertolt Brecht (1898-1956), tornou-se um dos espaços mais comerciais da cidade.
A montagem de um Kleist (1777-1811) trazia todos os elementos para um sucesso de bilheteria. Cenário realista e grandes atores. À frente, o diretor Peter Stein com sua acidez domesticada.
Já o Volksbühne ("teatro do povo") continua fiel ao seu passado de engajamento político em repertório com uma dobradinha de Bertolt Brecht com Heiner Müller (1929-1995), dirigida pelo lendário Frank Castorf.
Com a casa semivazia, o coro de dezenas de pessoas circulava por praticáveis com câmera na mão, projetando close-ups enormes ao fundo, que não ofuscaram a impressão de que havia poeira no ar.
O Schaubühne assume seu foco internacional ao anunciar legendas em inglês para "Hamlet", dirigido por Thomas Ostermeier. Como protagonista, o ator Lars Eidinger transforma o clássico melancólico em um furioso "enfant terrible".
No circuito alternativo, o Maxim Gorki se firma como um sólido espaço experimental. A montagem de "Sem Saída", de Jean-Paul Sartre (1905-1980), não apresentou riscos, além dos atores equilibrando-se sobre gangorras.
Como a cidade, a cena teatral parece fundir traços tão antagônicos como experimentações seguras ou clássicos arrojados. Que venha o futuro.
(CHRISTIANE RIERA)


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