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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Museu recebe série completa de desenhos de 1956 inspirados no "Dom Quixote"

"Favoritos" de Portinari ganham visibilidade

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em entrevista à Folha, em 1997, Maria Portinari, viúva do pintor brasileiro, não hesitou em responder uma pergunta. Dos tantos e tantos trabalhos do artista, quais eram os que ele mais apreciava? "A série "Dom Quixote'", disse.
Companheira do artista por décadas, dona Maria, hoje com 92 anos, se referia aos 21 desenhos que Cândido Portinari (1903-1962) fez em 1956 inspirado no romance de Miguel de Cervantes (1547-1616).
Pouco acessível aos olhares paulistanos, sediada no museu Chácara do Céu, no Rio, a série desses "favoritos" portinarianos começa hoje uma temporada em SP. Os 21 trabalhos originais quixotescos estão na mostra "Dom Quixote - Portinari", que o Museu de Arte Contemporânea da USP recebe de hoje até 30 de março.
Feitos em lápis de cor, desses usados pela molecada escolar, os traços têm importante papel na trajetória do artista de Brodósqui (SP), que tem seu centenário comemorado este ano.
Portinari morreu em 1962, vítima de intoxicação com as tintas óleo, com as quais fez a maior parte das suas mais de 5.000 obras. "Dom Quixote", que o pintor realizou depois de palpite do editor José Olympio, marca a tentativa do artista de continuar criando depois de saber que estava contaminado.
"Considero a série "Dom Quixote" como um auto-retrato do artista, uma representação dos seus embates, seja com os críticos, que na época cobravam dele uma arte geométrica abstrata, seja com a doença, que ele descobrira há pouco", opina Elza Ajzenberg, diretora do MAC-USP, que afirma que Portinari tinha "carinho especialíssimo" pela série.
Não era o único. Os traços inspiraram Carlos Drummond de Andrade. O poeta fez 21 textos ("expostos" no MAC) para "ilustrar" os desenhos, conjunto editado em 73 no livro "D. Quixote - Cervantes, Portinari e Drummond".


DOM QUIXOTE - PORTINARI. Quando: hoje, a partir de 18h30; ter. a sex., das 10h às 19h; sáb. e dom., das 10h às 16h; até 30/3. Onde: Museu de Arte Contemporânea da USP (r. da Reitoria, 160, Cidade Universitária, tel. 0/xx/11/ 3091-3327). Quanto: entrada franca.


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