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ERIKA PALOMINO
CARNAVAL, ESCAPISMO E O PLANETA FASHION
É tempo de esquentar os
tamborins. No Brasil, diversão
é coisa séria, e a hora é de tirar a
roupa. No país do Carnaval, a
fantasia ocupa, agora, o lugar
da moda. Como nenhum outro povo do planeta, mostramos nossos corpos bronzeados, seguros, autoconfiantes.
Somos sexy, sim, mesmo sem
tentar. Começa agora a verdadeira temporada de alto verão.
Quem será a mais glamourosa
rainha da bateria/supermodel?
Quem será a modelo revelação
da avenida? Qual o topless
mais absurdo -e tanto faz ter
ou não silicone. O país pega fogo e nada mais importa. Que
importa se na distante Londres
a grega Sophia Kokosalaki se
entrega a uma silhueta futurista, como uma armadura contemporânea, aplaudida por seu
padrinho, Alexander
McQueen -que, aliás, jogou
um belo thank you very much
para um possível convite para
o lugar de Tom Ford. São os
desfiles de inverno 2004/ 2005,
recheio da estação, que volta a
mobilizar as atenções do povo
da moda a partir de segunda-feira, em Milão. Mas no país do
baticum, quem se importa? O
furacão dionisíaco toma conta
de tudo, pernas de fora. Enquanto isso, na Europa da moda, a contagem regressiva é para o fim do inverno -e para o
desfile da Saint Laurent, claro,
dia 7 de março, quando se encerram os trabalhos desta conturbada e (até aqui) entediante
temporada. Na era do escapismo, dentro e fora da moda, o
Carnaval continua o melhor
desfile de todos.
MODA PARA QUEM PRECISA
Moda é mudança. Por isso é tão
importante perceber seus sinais, estar atento ao novo, à passagem dos tempos, às pistas
emitidas aqui e ali no mundo
das imagens, na vida real, no dia
a dia. Qual a relevância hoje da
moda vinda das passarelas?
Certamente muito menor do
que há cinqüenta anos. O grande sistema da moda, com seu
constante vaivém, encontra-se
em ansiosa mutação. E vai perder o bonde da história quem
deixar passar seu momento. A
Comme des Garçons abre em
Berlim uma loja kamikaze, feita
para durar apenas um ano.
Concebida dentro do conceito
de guerrilla, a nova loja de Rei
Kawakubo comeu apenas US$
2,5 mil na reforma. Não tem
placa na porta. Para divulgar,
600 lambe-lambes espalhados
pela cidade. É uma maneira de
tentar novas experiências para
o varejo, um dos (poucos) caminhos restantes ao consumo.
Em Londres, o desinteresse pelas passarelas é tamanho que
muitos designers foram mostrar em outras cidades, como
Milão ou mesmo Los Angeles,
em sua emergente fashion
week. Em Nova York, Miguel
Adrover confortavelmente prepara uma coleção por ano. Desfile não é tudo -o que não é o
que prega a incipiente cultura
de moda brasileira. A moda tomou conta de todas as mídias
-da TV, da internet, dos jornais. Está em toda parte, sentenciou Cathy Horyn, do "New
York Times". O risco, segundo
ela, é a banalização do nosso
olhar. Como diferenciar o incrível do apenas belo? De repente,
os looks da sensacional Beyoncé são mais relevantes do que
qualquer noticiário, de desfile
ou hardnews. Qual a relevância,
afinal, da moda? De quantas
modas falamos? A moda não
vem apenas das passarelas. Está
no brocado sobre a pele negra
da passista, na assepsia cara do
luxo da Prada.
EM QUE PÉ ESTÁ A TEMPORADA
O que você precisa saber, então:
que do caldão de NY, a imprensa americana continua bajulando Ralph Lauren, mas chochou
os novos darlings da Proenza
Schouler, dupla de estilistas
protegidos da "Vogue" América (viu, eles também protegem). Torcemos um pouco o
nariz para Marc Jacobs, que todo mundo achou meio Prada. O
brasileiro Francisco Costa, na
Calvin Klein, mandou as modelos para as camas de bronzeamento artificial e deu ao mundo
a imagem de Natalia e Carmen
Kass, exclusivas da marca, com
vestes de cetim marrom. É a
tentativa do estilista de criar um
estilo mais sensual, ainda que
dentro dos padrões de Calvin
Klein. Outro brasileiro, Carlos
Miele, continua bem avaliado
pela mídia global, elogiado por
Suzy Menkes por sua coleção
latina. Zuuum: falando de novo
em Londres, Clements Ribeiro,
do brasileiro Inacio Ribeiro, fez
um descompromissado vintage
à mineira, e a ilustradora new-dirty Julie Verhoeven caminha
dentro da Gibo, mas quem arrasou mesmo foi a Boudicca.
Eles dizem que foi o mais emocionante e conceitual desfile na
London Fashion Week desde a
saída de McQueen da cidade.
Será? Que comece Milão com
datas apertadas e os desfiles importantes no início da semana
para não bater com o Oscar.
Não falei que a moda está mudando?
@ - palomino@uol.com.br
na noite ilustrada...
É Carnaval e os clubes
preparam noites especiais. O
famoso Carnaval do Basfond
rola de hoje a terça na r.
Lisboa, 509, com o tema
Hollywood. Nos mesmos dias
também tem Carnaval na Level. Sábado tem carnaval
eletrônico no Lov.e com
Doctor, Tech Jun e live act de
Phillip Braunstein; a festinha
Colors rola no Supper Club
com Mauricio Lopes;
Anderson Noise toca no
animado Sirena; no
Susi in Transe tem noite de
tecno com Roger Rabbit e DJ
França; no domingo o top
Patife toca no Sirena; quem
gosta rock se joga na Hype my
Ass, no Black Box, com o
Tiago Carandina ou então vá à
2Bits, no Atari, que tem os DJs Kid
Vinil, Click mais show do Blue
Afternoon. No domingo a
tarde rola o Gonna Summer,
no Inconfidência (r.Minas
Gerais, 181). Na segunda tem
Smartbiz Party no Ampgalaxy com
Pil Marques e Gil Barbara;
enquanto o Sirena recebe
o top Renato Cohen
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