São Paulo, sábado, 20 de fevereiro de 2010

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Feira tem força em espaços pequenos e conceituais

DO ENVIADO A MADRI

Ficou vazio por todo o primeiro dia da Arco o estande da Helga de Alvear, uma das maiores galerias espanholas. Isso até que homens entraram no pavilhão carregando duas letras de madeira, formando a palavra "no" em tamanho gigante. Nem Santiago Sierra, o artista por trás da ação, nem ninguém da galeria deu as caras por lá.
No espaço vizinho, a cubana Tania Bruguera mandou polir uma reprodução do letreiro que ficava na entrada do campo de concentração de Auschwitz, gerando uma chuva de faíscas sobre o símbolo nazista, aquele roubado há pouco.
Essa presença conceitual, o que uns chamam de "gordura" numa feira dedicada às vendas, foi o ponto alto da Arco. Se colecionadores andam mais tímidos, curadores não arredaram pé do pavilhão dos Solo Projects, parte da feira onde galerias exibem um recorte sucinto da produção de um só artista escolhido por um curador.
Enquanto pelo menos 50 galerias abandonaram o evento nos últimos dois anos e o preço da obra mais cara despencou da casa dos 20 milhões para 1,6 milhão, preço de um autorretrato de Francis Bacon, os recortes individuais dispostos ali têm outro potencial. Atestam o frescor da produção ibérica, que essa feira tenta representar por excelência, e têm apelo direto para as instituições que costumam fazer compras ali.
No resto dos mais de 200 estandes da feira, galerias não ousaram muito. Venderam o que tinham de consumo fácil: edições de fotografias, pinturas em pequeno e médio formato. A seleção de Los Angeles, cidade homenageada nesta edição, trouxe alguns medalhões da cena californiana, como John Baldessari e David Hockney, e artistas que caminham para o estrelato, como Catherine Opie e Lari Pittman, também em versões mais baratas de suas obras. Na cena árida em que se tornou o mercado espanhol, projetos menos comerciais, como os de Sierra, Bruguera e Felipe Cohen, deram carne ao esqueleto das vendas. (SM)


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