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TELEVISÃO
TV paga cresce e traz "febre" das séries
NELSON DE SÁ
da Reportagem Local
Um em cada dez brasileiros, das
nove maiores cidades do país, já
assiste ao que se convencionou
chamar de TV paga (sistemas
Net/Multicanal/Sky, TVA/DirecTV e independentes).
O dado é da mais recente pesquisa do Ibope sobre TV paga, em dezembro último, que anunciou
uma penetração de 11% junto aos
telespectadores da Grande São
Paulo, Rio, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Salvador, Recife,
Curitiba e Fortaleza.
Outra pesquisa, da Pay-TV Survey, apontou no ano passado um
"ranking nacional de canais" com
destaque, entre aqueles com mais
assinantes, para a Fox em primeiro lugar e a Sony em sétimo.
São os canais, ao lado do mais
recente USA, que concentram a
programação das séries norte-americanas, programas em geral
com meia hora ("sitcoms", comédias de costumes, como "Seinfeld") ou uma hora (os dramas policiais, médicos, legais e de ficção
científica, como "Lei e Ordem").
Na grande maioria, programas
que não conquistaram espaço na
TV aberta, mas que ganham atenção e audiência fiel, até obcecada,
com o crescimento da TV paga.
São as séries cultuadas, "cult",
que repetem o que aconteceu em
outro momento de impacto do
mesmo tipo de programação, na
década de 60. Assim, para "Jornada nas Estrelas", de 66, há um sucedâneo em "Arquivo X", de 93.
Os anos 60 viram surgir, entre
inúmeros outros, "A Feiticeira",
"Batman", "Missão Impossível",
"Dr. Kildare", "A Família Addams", "Agente 86", "Perdidos
no Espaço", "Os Monkees", até
"Monty Python's Flying Circus".
Os anos 90 respondem com
"E.R." (Plantão Médico), "Ellen",
"Mad about You", "3rd Rock
from the Sun", "Seinfeld",
"Murphy Brown", "Lei e Ordem", "Spin City", "Friends",
"Baywatch" (SOS Malibu), "The
Naked Truth", "The Nanny".
As séries são um fenômeno no
país de origem, os EUA, em que
contam audiência média superior
a 20 milhões de telespectadores,
com picos de 35 milhões em casos
como o de "E.R." -criado por
Michael Crichton, o mesmo de
"Parque dos Dinossauros".
O fenômeno levou à televisão
atores antes ligados à indústria do
cinema, como John Lithgow, de
"3rd Rock from the Sun", Michael J. Fox, de "Spin City", Sam
Waterson, de "Lei e Ordem", e
Helen Hunt, de "Mad about
You".
Também criou as próprias estrelas, como Gillian Anderson e David Duchovny, os agentes Dana
Scully e Fox Mulder de "Arquivo
X", George Clooney, médico de
"E.R.", e Ellen DeGeneres, a protagonista lésbica de "Ellen".
Mais: passou a contar com estrelas de Hollywood e personalidades
como coadjuvantes, casos de Nathan Lane e Yoko Ono, que estiveram em "Mad about You",
Jean-Claude Van Damme e Julia
Roberts, em "Friends". Quentin
Tarantino dirigiu para "E.R.", Stephen King e William Gibson escreveram para "Arquivo X".
Em Marte, foi a trilha sonora de
"Mad about You" que carregou o
comando para o robô Sojouner,
da Nasa, sair pelo planeta.
No Brasil, em parte por conta de
sua apresentação inicial em TV
aberta, na Rede Record, a série de
maior culto é "Arquivo X".
As peripécias de Mulder e Sculley com extraterrestres, parapsicólogos e teorias de conspiração
criaram fãs-clubes -e reações iradas contra a censura da Igreja Universal (dos episódios de cunho religioso), a "morte" de Mulder (no
fim do quarto ano do programa) e
o próprio fim (possível) da série.
No campo exclusivo da TV paga,
causaram reações a gravidez de
Helen Hunt em "Mad about You"
e a morte anunciada de "Seinfeld". São "polêmicas" que ecoam
aquelas provocadas nos Estados
Unidos, sendo que as séries, no
Brasil, chegam com grande atraso,
de um mês para mais.
Só no mês que vem os brasileiros
verão -talvez- a ressurreição de
Mulder. O capítulo final de "Seinfeld" nem tem data. Boa parte das
férias foi perdida, nos casos de
"Mad about You" e "Friends",
com reprises -quando as séries
iniciaram a nova temporada, nos
Estados Unidos, em setembro.
São dadas várias justificativas,
como as constantes mudanças na
programação e na transmissão,
mas o problema maior foi mesmo
a greve dos dubladores, de meses.
A "indústria" da TV paga ainda
engatinha, em organização.
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