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TELEVISÃO
"50 anos..." vira festa da Globo
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Aquela senhora escolhida para afirmar que a televisão expulsou para sempre a solidão e o estresse é simbólica na conquista de
todas as platéias pela TV Globo.
Nos tempos da TV Tupi, uma senhora como aquela, na cidade de
São Paulo, estaria grudada aos
seus programas, repudiando sempre que possível as carioquices petulantes que faziam a invasão de
uma moda. "50 anos de televisão.
35 anos de TV Globo" já é, em seu
nome, uma festa da poderosa platinada. Afinal de contas, que TV
Tupi é essa que ninguém vê?
Bem pitoresco, Lima Duarte é
quem foi até Santos buscar o
equipamento de televisão que tinha chegado. Logo depois disso,
estabeleceu uma dinastia que se
estenderá por uma lista infindável de novelas, aquelas em que
"você fica vidrado e quer ver um
final necessariamente feliz".
O programa foi o que os franceses chamam de "vôo de passarinho" sobre o que existe de passado na televisão. Vôo de pássaro?
Deu uma geral. Mas ninguém falou de Glória Magadan. Uma
omissão gravíssima. Embaixatrizes que tinham absorvido o melhor tipo de cultura na Europa,
aqui chegavam e ficavam escravas do horário do dramalhão.
Matteo e Giuliana aparecem.
São o orgulho atual de uma emissora. E é feita uma menção a Beto
Rockfeller (viva o Luís Gustavo),
a novela da finada Tupi que
atualizou e modernizou tudo o
que era canal, levantando o mofo
cauteloso de "O Direito de Nascer", que a covardia da TV Tupi-niquim tinha trazido do rádio.
Antônio Fagundes, Edson Celulari e Cláudia Raia (jóias de uma
coroa?) aparecem. E a voz (oh,
tão perfeita!) da Elis Regina canta
"Fascinação". Nessa época, Yolanda Penteado, a única aristocrata paulista, já marcava seus
jantares para depois da novela. A
televisão era um atraso só.
Carla Marins. Tem sempre Carla Marins. Alguém já descobriu
por quê? Estão dizendo que família vê novela. Paulo Coelho é para
puxar o sono. "Redenção", da TV
Excelsior, foi o primeiro sucesso
estrondoso. O passado está presente nas caras de Ary Fontoura,
Eloísa Mafalda e Joana Fomm,
careca como um ovo? Não, ovo é
pequeno. Melão? Melão é melhor.
Logo depois tem a explosão da
dona Redonda. Olha a Sônia Braga. Será que ela não vai virar Gabriela e subir no telhado? Vai.
Francisco Cuoco e Eduardo Moscovis estão cometendo o mesmo
pecado capital. A televisão se repete. Olha só a Regina Duarte.
Velha como a Chiquinha. Fernanda Montenegro e Paulo Autran estão se lambuzando com
tudo o que uma mesa tem. A televisão nunca foi melhor.
Mas ainda é preciso lembrar os
programas infantis para a nostalgia de quem era criança na época
do Picapau Amarelo, do Vila Sésamo e até do Balão Mágico.
Quando era a moda do palhaço
Carequinha a campainha tocou:
"Vim buscar minha neta. Soube
que ela está vendo televisão". Nada mais repelente para uma
criança de boa família.
Globo aos 35 tem muita história. E ainda nem se falou no repórter Esso, Cid Moreira e, viva a
falta de espaço, Galvão Bueno.
Vai ser uma série de programas?
Vai ter espaço.
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