São Paulo, segunda-feira, 20 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TELEVISÃO

"50 anos..." vira festa da Globo

TELMO MARTINO
Colunista da Folha

Aquela senhora escolhida para afirmar que a televisão expulsou para sempre a solidão e o estresse é simbólica na conquista de todas as platéias pela TV Globo. Nos tempos da TV Tupi, uma senhora como aquela, na cidade de São Paulo, estaria grudada aos seus programas, repudiando sempre que possível as carioquices petulantes que faziam a invasão de uma moda. "50 anos de televisão. 35 anos de TV Globo" já é, em seu nome, uma festa da poderosa platinada. Afinal de contas, que TV Tupi é essa que ninguém vê?
Bem pitoresco, Lima Duarte é quem foi até Santos buscar o equipamento de televisão que tinha chegado. Logo depois disso, estabeleceu uma dinastia que se estenderá por uma lista infindável de novelas, aquelas em que "você fica vidrado e quer ver um final necessariamente feliz".
O programa foi o que os franceses chamam de "vôo de passarinho" sobre o que existe de passado na televisão. Vôo de pássaro? Deu uma geral. Mas ninguém falou de Glória Magadan. Uma omissão gravíssima. Embaixatrizes que tinham absorvido o melhor tipo de cultura na Europa, aqui chegavam e ficavam escravas do horário do dramalhão.
Matteo e Giuliana aparecem. São o orgulho atual de uma emissora. E é feita uma menção a Beto Rockfeller (viva o Luís Gustavo), a novela da finada Tupi que atualizou e modernizou tudo o que era canal, levantando o mofo cauteloso de "O Direito de Nascer", que a covardia da TV Tupi-niquim tinha trazido do rádio.
Antônio Fagundes, Edson Celulari e Cláudia Raia (jóias de uma coroa?) aparecem. E a voz (oh, tão perfeita!) da Elis Regina canta "Fascinação". Nessa época, Yolanda Penteado, a única aristocrata paulista, já marcava seus jantares para depois da novela. A televisão era um atraso só.
Carla Marins. Tem sempre Carla Marins. Alguém já descobriu por quê? Estão dizendo que família vê novela. Paulo Coelho é para puxar o sono. "Redenção", da TV Excelsior, foi o primeiro sucesso estrondoso. O passado está presente nas caras de Ary Fontoura, Eloísa Mafalda e Joana Fomm, careca como um ovo? Não, ovo é pequeno. Melão? Melão é melhor. Logo depois tem a explosão da dona Redonda. Olha a Sônia Braga. Será que ela não vai virar Gabriela e subir no telhado? Vai. Francisco Cuoco e Eduardo Moscovis estão cometendo o mesmo pecado capital. A televisão se repete. Olha só a Regina Duarte. Velha como a Chiquinha. Fernanda Montenegro e Paulo Autran estão se lambuzando com tudo o que uma mesa tem. A televisão nunca foi melhor.
Mas ainda é preciso lembrar os programas infantis para a nostalgia de quem era criança na época do Picapau Amarelo, do Vila Sésamo e até do Balão Mágico. Quando era a moda do palhaço Carequinha a campainha tocou: "Vim buscar minha neta. Soube que ela está vendo televisão". Nada mais repelente para uma criança de boa família.
Globo aos 35 tem muita história. E ainda nem se falou no repórter Esso, Cid Moreira e, viva a falta de espaço, Galvão Bueno. Vai ser uma série de programas? Vai ter espaço.


Texto Anterior: Televisão: "Aventuras de Tiazinha" tem nova fase
Próximo Texto: Vídeo lançamentos - Thales de Menezes: Três fitas de rock para quem já passou dos 30
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.