São Paulo, quarta-feira, 20 de março de 2002

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DANÇA

Responsáveis pela modernização do gênero no país, as duas se apresentam hoje no Sesc Ipiranga

"Damas" une Ruth Rachou e Angel Vianna

ANA FRANCISCA PONZIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Mais do que um espetáculo, o encontro de Ruth Rachou e Angel Vianna em "Damas da Dança", que será apresentado somente hoje no teatro do Sesc Ipiranga, deve marcar um evento simbólico. Com trajetórias históricas, ambas são protagonistas do processo de modernização da dança brasileira. Juntas, no palco, elas prometem dar uma aula magna de sabedoria e expressividade corporal.
Na rara oportunidade que "Damas da Dança" representa, Rachou e Vianna dançam coreografias concebidas especialmente para elas por discípulos de ambas.
Rachou, que hoje se concentra na direção de sua escola, em São Paulo, interpreta "Dançarinar", de Helena Bastos.
A mineira Vianna, que estabeleceu-se no Rio de Janeiro para também dedicar-se à formação de bailarinos e coreógrafos, apresenta "Inscrito", de Paulo Caldas.
"Tem importância?", responde Vianna sobre sua idade. A pergunta realmente perde sentido perante a vitalidade que ela e Rachou continuam exibindo na condução de suas carreiras. Como Isadora Duncan, elas eliminaram rótulos da dança no Brasil, contribuindo para a criação de um ambiente capaz de absorver e produzir novas informações.
Tanto Rachou quanto Vianna começaram carreira na década de 50. Foi no histórico Ballet do IV Centenário que Rachou estreou, em 1954. No ano seguinte, com a dissolução da companhia, ela dançou em vários grupos, como o Ballet do Museu de Arte de São Paulo, entre outros.
Na época, também protagonizou o período áureo dos musicais produzidos pela televisão e pelo cinema brasileiros. No final da década de 60, Rachou foi para os Estados Unidos, onde especializou-se em técnicas de Merce Cunningham, José Limon e Martha Graham, que ela depois difundiu no Brasil.
Nos anos 50, a estréia de Vianna ocorreu no Ballet de Minas Gerais. Também artista plástica e atriz, ela deu início, junto com seu marido, Klauss Vianna (1928-1992), a pesquisas interdisciplinares inovadoras.
Em seu eclético currículo, Angel inclui momentos marcantes também como bailarina clássica. Num deles, ela dançou ao lado de Rudolf Nureyev e Margot Fonteyn no balé "Giselle", produzido em 1967 pelo Ballet do Teatro Municipal do Rio. No teatro, destacou-se como preparadora de atores, utilizando um método de consciência corporal que tornou-se uma de suas grifes.
"A memória corporal me fascina. É por meio dela que escrevo minha história", diz Vianna, que considera um desafio estar em cena hoje, junto de Rachou. Após a apresentação, ambas estarão disponíveis para um bate-papo com a platéia, ao lado de Renée Gumiel, outra veterana da dança contemporânea brasileira.


DAMAS DA DANÇA - Com: Ruth Rachou e Angel Vianna. Quando: hoje, às 20h, no teatro do Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, São Paulo, tel. 0/xx/11/3340-2000). Quanto: entrada franca.



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