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DANÇA
Responsáveis pela modernização do gênero no país, as duas se apresentam hoje no Sesc Ipiranga
"Damas" une Ruth Rachou e Angel Vianna
ANA FRANCISCA PONZIO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Mais do que um espetáculo, o
encontro de Ruth Rachou e Angel
Vianna em "Damas da Dança",
que será apresentado somente
hoje no teatro do Sesc Ipiranga,
deve marcar um evento simbólico. Com trajetórias históricas,
ambas são protagonistas do processo de modernização da dança
brasileira. Juntas, no palco, elas
prometem dar uma aula magna
de sabedoria e expressividade
corporal.
Na rara oportunidade que "Damas da Dança" representa, Rachou e Vianna dançam coreografias concebidas especialmente para elas por discípulos de ambas.
Rachou, que hoje se concentra
na direção de sua escola, em São
Paulo, interpreta "Dançarinar",
de Helena Bastos.
A mineira Vianna, que estabeleceu-se no Rio de Janeiro para
também dedicar-se à formação de
bailarinos e coreógrafos, apresenta "Inscrito", de Paulo Caldas.
"Tem importância?", responde
Vianna sobre sua idade. A pergunta realmente perde sentido
perante a vitalidade que ela e Rachou continuam exibindo na condução de suas carreiras. Como
Isadora Duncan, elas eliminaram
rótulos da dança no Brasil, contribuindo para a criação de um ambiente capaz de absorver e produzir novas informações.
Tanto Rachou quanto Vianna
começaram carreira na década de
50. Foi no histórico Ballet do IV
Centenário que Rachou estreou,
em 1954. No ano seguinte, com a
dissolução da companhia, ela
dançou em vários grupos, como o
Ballet do Museu de Arte de São
Paulo, entre outros.
Na época, também protagonizou o período áureo dos musicais
produzidos pela televisão e pelo
cinema brasileiros. No final da década de 60, Rachou foi para os Estados Unidos, onde especializou-se em técnicas de Merce Cunningham, José Limon e Martha Graham, que ela depois difundiu no
Brasil.
Nos anos 50, a estréia de Vianna
ocorreu no Ballet de Minas Gerais. Também artista plástica e
atriz, ela deu início, junto com seu
marido, Klauss Vianna (1928-1992), a pesquisas interdisciplinares inovadoras.
Em seu eclético currículo, Angel
inclui momentos marcantes também como bailarina clássica.
Num deles, ela dançou ao lado de
Rudolf Nureyev e Margot Fonteyn no balé "Giselle", produzido
em 1967 pelo Ballet do Teatro Municipal do Rio. No teatro, destacou-se como preparadora de atores, utilizando um método de
consciência corporal que tornou-se uma de suas grifes.
"A memória corporal me fascina. É por meio dela que escrevo
minha história", diz Vianna, que
considera um desafio estar em cena hoje, junto de Rachou. Após a
apresentação, ambas estarão disponíveis para um bate-papo com
a platéia, ao lado de Renée Gumiel, outra veterana da dança
contemporânea brasileira.
DAMAS DA DANÇA - Com: Ruth Rachou
e Angel Vianna. Quando: hoje, às 20h, no
teatro do Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor,
822, São Paulo, tel. 0/xx/11/3340-2000).
Quanto: entrada franca.
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