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SHOW/CRÍTICA
Santana some em favor da banda
DANIEL BUARQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O clima de concerto foi predominante na noite da última sexta-feira, durante a apresentação do guitarrista mexicano
Carlos Santana, 58, na arena
montada no Anhembi, em São
Paulo. Longe da bagunça que normalmente caracteriza shows de
grande porte em locais abertos, a
apresentação manteve um clima
de civilidade que raramente se vê.
No público, famílias completas,
muitos casais e pessoas muito arrumadas, que eram encaminhados pelos organizadores ao local
marcado, enquanto o show, que
havia começado pontualmente às
22h, já estava acontecendo. Tudo
bem que ao soar da primeira nota
da guitarra do mestre mexicano
não havia mais ninguém sentado,
mas quase todos mantiveram-se
ordeiramente em seus lugares.
No palco, um desavisado poderia identificar como Santana o vocalista Andy Vargas, tamanho era
o domínio que ele tinha da cena.
Enquanto o lendário guitarrista se
misturava ao restante de sua banda, não falava e apenas dançava
enquanto tocava, Vargas corria de
um lado para o outro, dialogava
com a platéia e dançava.
Apagado em seu próprio palco,
Santana aparecia mais nos telões e
dominava a sonoridade do grupo
com uma guitarra pungente, que
esbanja virtuosismo sem apostar
corrida na troca de notas, mas explorando as nuanças de cada mínima mudança de tom. Ele sola,
faz bases, melodias, citações a
bandas clássicas como The Doors,
Yes e Rolling Stones e é o centro
da música de todo o grupo.
Bom entendedor de música,
Santana montou um time de músicos altamente capacitados e oferece a eles espaço para que apareçam. O baixista Benny Rietveld
protagonizou um dos momentos
mais emocionantes do show, ao
tocar sozinho a melodia de "Romaria", imortalizada por Elis Regina e acompanhada por um coro
de quase 20 mil pessoas.
No longo repertório que completou duas horas e meia de show,
clássicas como "Evil Ways" e
"Black Magic Woman" dividiram
espaço com a recente explosão
pop de "Smooth" e "Corazón Espinado", para aplausos de um público heterogêneo, que não foi
atraído só pelos hits recentes.
Favelas, que favelas?
Santana fala pouco. Prega a paz.
Coloca-se no mesmo patamar
ideológico de grandes personalidades como Bob Marley, Bob
Dylan e John Lennon, fala em anjos e critica a guerra.
Numa das poucas vezes em que
se aventurou ao microfone, Santana dedicou o show aos "hermanos e hermanas de las favelas". Ao
contrário da tradicional ovação a
qualquer coisa falada em shows, o
público -que havia pago pelo
menos R$ 150 pelo ingresso-,
parecia não saber como reagir.
Avaliação:
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