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Baiano Paquito lança disco de "canções nuas"
Músico interpreta solidão e saudade em formato enxuto
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Mal começa a entrevista por
telefone, o baiano Paquito pede
licença para pegar os óculos:
"Falo melhor de óculos". Fica
claro que, voluntário ou não, há
humor neste autor das canções
permeadas de saudade e solidão que predominam em seu
segundo CD, "Bossa Trash".
"Canção nasce de conflito.
Não que não se possa fazer canções enaltecendo algo, mas calhou de ser assim. O "Baião [de
Anna]" é a última do disco por
isso, porque é a que se livra [dos
tons tristes]", diz, referindo-se
à música feita para sua mulher.
Apesar dos 45 anos de vida e
26 de carreira -já foi cantor da
banda de rock Flores do Mal,
produtor de discos de Batatinha e Riachão, além de ter uma
canção gravada por Maria Bethânia-, Paquito ainda é pouco
conhecido fora da Bahia. Quer
alterar a situação lançando
"Bossa Trash" em shows pelo
país, o que deverá ser possível
graças ao formato enxutíssimo
do CD, quase todo voz e violão.
"São as canções bem nuas. Eu
apostei na qualidade delas", diz
ele, nascido Antônio José Moura Ferreira em Jequié e que
adotou o apelido dado por um
amigo em 1979 -logo, nada a
ver com Xuxa.
Os versos têm palavras simples, mas engenhosamente coladas: "Apesar do que passei/ E
do tempo que passou/ Me falta
a medida exata/ Do tamanho
do amor" ("A Medida Exata");
"Eu amo as mulheres e como/
E amo como uma mulher/ O
meu desejo não domo/ Ou domo se você quiser" ("Segredos"). "Isso é a lição de [Dorival] Caymmi.
Sem querer me
comparar, é claro. A simplicidade é uma lição dos caras de
que eu gosto", diz, citando João
Gilberto e gravações de Johnny
Cash e John Lennon. Apenas
na faixa-título Paquito tem um
parceiro: Arto Lindsay.
BOSSA TRASH
Artista: Paquito
Gravadora: independente
Quanto: R$ 15 em anjopaq@gmail.com e www.myspace.com/anjopaquito; ainda não está em lojas
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