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Crítica/"Mad Men - 3ª Temporada"
Série dá tempo de apreciar detalhes das mudanças nos EUA
Terceiro ano do programa sobre publicitários tem estreia hoje na TV paga com figurinos e cenários deslumbrantes
TONY GÓES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Todo mundo fuma. O
tempo todo. Em casa,
no escritório, uns nas
caras dos outros. Até as grávidas e lactantes fumam. Este é o
primeiro impacto causado por
"Mad Men": meu Deus, como
se fuma, e ninguém acha ruim!
A terceira temporada do programa estreia hoje na HBO,
mas seu conteúdo "arqueológico" é tão grande que ele talvez
devesse ser exibido pelo Discovery Civilization.
A reconstituição de época é
perfeita, mas o que realmente
interessa são as enormes transformações pelas quais passaram os Estados Unidos na década de 60 do século passado.
Foi quando as mulheres entraram para valer no mercado de
trabalho, o consumo de drogas
atingiu a classe média e os gays
começaram a sair do armário.
O "Mad" do título não se refere apenas à "loucura" dos
personagens frente a um mundo de pernas para o ar, mas
também à Madison Avenue, o
endereço tradicional das agências de propaganda em Nova
York. O principal cenário é a
fictícia agência Sterling Cooper, onde o diretor de criação
Don Draper (Jon Hamm) cria
campanhas de sucesso, seduz
clientes e secretárias, fuma e
bebe sem parar. Don carrega
um grande segredo, que hoje
não pareceria tão grave: é filho
de uma prostituta morta no
parto e foi entregue à adoção.
Mas quem sofre mesmo são
as mulheres. A ex-secretária
Peggy Olson (Elisabeth Moss)
promovida a redatora, enfrenta
o machismo dos colegas menos
talentosos. Betty (January Jones), que Don trai a torto e a direito, tem um terceiro filho para tentar salvar o casamento,
mas vai mudar de ideia depois
de conhecer um homem mais
atencioso. E a eficientíssima
Joan Harris (Christina Hendricks) é obrigada a abandonar
a carreira para seguir o marido,
um médico medíocre.
Há também o drama do diretor de arte Sal Romano, que,
além de ser o único descendente de italianos numa empresa
dominada pelos "wasps" (brancos, anglo-saxões e protestantes), ainda luta com sua homossexualidade latente. E mais divórcios, acidentes, filhos bastardos e intrigas corporativas
dignas de novela mexicana.
Apesar do excesso de tramas,
o ritmo de "Mad Men" é lento.
As cenas são longas e os silêncios idem, como se quisessem
nos dar tempo de apreciar cada
detalhe dos figurinos e cenários
deslumbrantes. Para quem se
acostumou ao bombardeio de
seriados como "Lost", é difícil
se ajustar.
Mas vale a pena. "Mad Men"
foi criada por Matthew Weiner,
que foi roteirista de "A Família
Soprano", e vem repetindo a
quantidade de prêmios que a
outra série levou. Agora só falta
conquistar uma audiência expressiva -tantos nos EUA como aqui, onde ainda passa desapercebida.
MAD MEN - 3ª TEMPORADA
Quando: estreia hoje; sáb., às 22h45, na
HBO
Classificação: 14 anos
Avaliação: bom
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