São Paulo, sábado, 20 de março de 2010

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Crítica/"Mad Men - 3ª Temporada"

Série dá tempo de apreciar detalhes das mudanças nos EUA

Terceiro ano do programa sobre publicitários tem estreia hoje na TV paga com figurinos e cenários deslumbrantes

TONY GÓES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Todo mundo fuma. O tempo todo. Em casa, no escritório, uns nas caras dos outros. Até as grávidas e lactantes fumam. Este é o primeiro impacto causado por "Mad Men": meu Deus, como se fuma, e ninguém acha ruim!
A terceira temporada do programa estreia hoje na HBO, mas seu conteúdo "arqueológico" é tão grande que ele talvez devesse ser exibido pelo Discovery Civilization.
A reconstituição de época é perfeita, mas o que realmente interessa são as enormes transformações pelas quais passaram os Estados Unidos na década de 60 do século passado.
Foi quando as mulheres entraram para valer no mercado de trabalho, o consumo de drogas atingiu a classe média e os gays começaram a sair do armário.
O "Mad" do título não se refere apenas à "loucura" dos personagens frente a um mundo de pernas para o ar, mas também à Madison Avenue, o endereço tradicional das agências de propaganda em Nova York. O principal cenário é a fictícia agência Sterling Cooper, onde o diretor de criação Don Draper (Jon Hamm) cria campanhas de sucesso, seduz clientes e secretárias, fuma e bebe sem parar. Don carrega um grande segredo, que hoje não pareceria tão grave: é filho de uma prostituta morta no parto e foi entregue à adoção.
Mas quem sofre mesmo são as mulheres. A ex-secretária Peggy Olson (Elisabeth Moss) promovida a redatora, enfrenta o machismo dos colegas menos talentosos. Betty (January Jones), que Don trai a torto e a direito, tem um terceiro filho para tentar salvar o casamento, mas vai mudar de ideia depois de conhecer um homem mais atencioso. E a eficientíssima Joan Harris (Christina Hendricks) é obrigada a abandonar a carreira para seguir o marido, um médico medíocre.
Há também o drama do diretor de arte Sal Romano, que, além de ser o único descendente de italianos numa empresa dominada pelos "wasps" (brancos, anglo-saxões e protestantes), ainda luta com sua homossexualidade latente. E mais divórcios, acidentes, filhos bastardos e intrigas corporativas dignas de novela mexicana.
Apesar do excesso de tramas, o ritmo de "Mad Men" é lento.
As cenas são longas e os silêncios idem, como se quisessem nos dar tempo de apreciar cada detalhe dos figurinos e cenários deslumbrantes. Para quem se acostumou ao bombardeio de seriados como "Lost", é difícil se ajustar.
Mas vale a pena. "Mad Men" foi criada por Matthew Weiner, que foi roteirista de "A Família Soprano", e vem repetindo a quantidade de prêmios que a outra série levou. Agora só falta conquistar uma audiência expressiva -tantos nos EUA como aqui, onde ainda passa desapercebida.


MAD MEN - 3ª TEMPORADA
Quando:
estreia hoje; sáb., às 22h45, na HBO
Classificação: 14 anos
Avaliação: bom



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