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Garoto animado
Damon Albarn, inglês que ficou conhecido com o Blur, reaparece com o terceiro disco da banda-cartum Gorillaz
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
"Welcome to the
World of the
Plastic Beach."
Este é, além de título da primeira música (na verdade, é a segunda faixa do álbum; a primeira é uma introdução) do terceiro disco do Gorillaz, uma síntese do que encontraremos no
universo multicolorido dessa
banda/cartum/virtual.
Há climas diversos (ora sisudo, ora alegre), de batidas diversas (lentas; rápidas), de sensações diversas (dançante;
soul; hip hop; disco; pop). Tudo
em uma única música. E tudo
isso é transportado para o restante do disco, deliciosamente
caótico e disforme.
Talvez isso aconteça porque
o Gorillaz funciona como uma
válvula de escape para Damon
Albarn, inglês que ficou conhecido nos anos 1990 como vocalista da banda britpop Blur (leia
nesta página texto sobre DVD
ao vivo da banda).
Se no Blur Albarn ficava preso a um padrão pop-rock de
guitarra/baixo/bateria, no Gorillaz ele está livre para atirar
para todos os lados -e, neste
disco, acerta a maioria deles.
O Gorillaz é formado por Albarn e pelo designer gráfico Jamie Hewlett. Enquanto Albarn
cuida da música, Hewlett se encarrega da imagem da banda:
dos quatro integrantes/personagens em cartum; do site, que
também é uma espécie de game; da concepção visual dos
shows, feita por jogos de luz e
sombra (eles vão fechar uma
das noites do enorme festival
Coachella, nos EUA, em abril).
Convidados estrelados
Para ajudá-lo com a paleta de
cores de "Plastic Beach", Albarn convidou de Snoop Dogg a
Lou Reed; de De La Soul a Gruff
Rhys (do grupo Super Furry
Animals); de Mark E. Smith
(The Fall) a Bobby Womack.
Apenas uma brincadeira de
Albarn, o Gorillaz transformou-se em seu mais bem-sucedido projeto -os dois primeiros discos já venderam mais de
15 milhões de cópias e atingiram um sucesso nos EUA que o
Blur nunca conseguiu.
Isso dá moral para Albarn tirar Lou Reed de sua zona de
conforto e o colocar para cantar
sobre bases eletrônicas leves.
Ou para juntar Mos Def e o
soulman Bobby Womack em
"Stylo", faixa lisérgica e de tempero black. Ou para chamar
uma orquestra libanesa e criar
uma atmosfera oriental em
"White Flag".
As faixas sem convidados não
são menos ousadas. Em "Broken" e "On Melancholy Hill",
há sintetizadores retrô que nos
transportam tanto para os anos
1960 quanto para os 1980.
Já "Rhinestone Eyes" é quase infantil, com o vocal de Damon passando por efeitos
-que voltam a ser bastante
usados para dar um ar futurista
à faixa título.
Essa quase infinidade de ritmos presentes no disco do Gorillaz é algo que não pode ser
deslocado para o Blur. Ali o que
se faz é britpop, canções com
melodias reconhecíveis.
Inquieto, Damon Albarn
criou o Gorillaz para brincar e
experimentar. No início, levou
várias pancadas -como assim
fazer uma banda-cartum?,
questionavam muitos. Com
uma trajetória que deságua em
"Plastic Beach", ele prova que
sempre esteve certo.
PLASTIC BEACH
Artista: Gorillaz
Lançamento: EMI
Quanto: R$ 30, em média
Avaliação: ótimo
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