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Pichadores atacam mural d'Osgemeos em São Paulo
Prefeitura removeu marcas com sabão e dois guindastes
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de pichadores atacou na madrugada de ontem
um mural de 680 m2 da dupla
Gustavo e Otávio Pandolfo, os
artistas conhecidos como Osgemeos, na alça de acesso da
avenida 23 de Maio ao elevado
Costa e Silva, em São Paulo.
Em menos de cinco horas,
usando dois guindastes, uma
equipe da prefeitura, que foi
alertada ainda durante a ação,
reparou os danos ao mural
usando solvente, água e sabão.
Uma camada de verniz antipichação aplicado ao mural
permitiu que fosse possível remover as marcas do ataque.
Não houve danos à obra dos artistas, que estão entre os maiores nomes da street art no circuito global -já mostraram
seus trabalhos, por exemplo,
na Tate, em Londres, e fizeram
uma grande exposição no ano
passado em São Paulo.
Segundo um dos pichadores,
os artistas acompanharam no
local o trabalho de limpeza feito pela equipe da prefeitura.
Foi o mesmo grupo que pichou o Centro Universitário
Belas Artes em 2008 e o pavilhão da Bienal de São Paulo no
mesmo ano que coordenou o
ataque da noite de ontem. Sobre o mural, escreveram a
mensagem "R$ 200 mil em
maquiagem e a cidade em calamidade" e ofensas pessoais ao
prefeito Gilberto Kassab.
"A ideia era protestar porque
a cidade está em calamidade e a
prefeitura está gastando mais
de R$ 200 mil para embelezar
um muro", disse à Folha um
dos pichadores, que não quis
ser idenfiticado. "Usar dinheiro público quando tem favela
precisando de ajuda não dá."
Um mural nesse mesmo lugar, também d'Osgemeos, foi
apagado "por engano" pela prefeitura há dois anos. Depois do
ocorrido, e uma audiência dos
artistas com o prefeito, o município encomendou um novo
mural à dupla. A obra, segundo
os pichadores que atacaram
ontem o mural, teria custado
R$ 200 mil à prefeitura, que
não confirma a informação.
Na tarde de ontem, Osgemeos trabalhavam num mural
que estão fazendo para a fachada do Museu de Arte Moderna
de São Paulo, no parque Ibirapuera. Será uma obra permanente do acervo da instituição,
doação do banco Credit Suisse.
A reportagem esteve no local, mas nenhum dos dois artistas, assediados por fãs no parque, quis se manifestar. Também se recusaram a confirmar
que acompanharam o grupo de
funcionários da prefeitura durante a limpeza do mural.
Procurada pela reportagem,
a Prefeitura de São Paulo não
informou a origem do alerta
para a ação de reparo do mural,
o orçamento do projeto original nem o número de funcionários envolvidos na limpeza.
Colaboraram FERNANDA MENA e LAURA CAPRIGLIONE , da Reportagem Local
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