São Paulo, sábado, 20 de março de 2010

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Pichadores atacam mural d'Osgemeos em São Paulo

Prefeitura removeu marcas com sabão e dois guindastes

SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de pichadores atacou na madrugada de ontem um mural de 680 m2 da dupla Gustavo e Otávio Pandolfo, os artistas conhecidos como Osgemeos, na alça de acesso da avenida 23 de Maio ao elevado Costa e Silva, em São Paulo.
Em menos de cinco horas, usando dois guindastes, uma equipe da prefeitura, que foi alertada ainda durante a ação, reparou os danos ao mural usando solvente, água e sabão.
Uma camada de verniz antipichação aplicado ao mural permitiu que fosse possível remover as marcas do ataque.
Não houve danos à obra dos artistas, que estão entre os maiores nomes da street art no circuito global -já mostraram seus trabalhos, por exemplo, na Tate, em Londres, e fizeram uma grande exposição no ano passado em São Paulo.
Segundo um dos pichadores, os artistas acompanharam no local o trabalho de limpeza feito pela equipe da prefeitura.
Foi o mesmo grupo que pichou o Centro Universitário Belas Artes em 2008 e o pavilhão da Bienal de São Paulo no mesmo ano que coordenou o ataque da noite de ontem. Sobre o mural, escreveram a mensagem "R$ 200 mil em maquiagem e a cidade em calamidade" e ofensas pessoais ao prefeito Gilberto Kassab.
"A ideia era protestar porque a cidade está em calamidade e a prefeitura está gastando mais de R$ 200 mil para embelezar um muro", disse à Folha um dos pichadores, que não quis ser idenfiticado. "Usar dinheiro público quando tem favela precisando de ajuda não dá."
Um mural nesse mesmo lugar, também d'Osgemeos, foi apagado "por engano" pela prefeitura há dois anos. Depois do ocorrido, e uma audiência dos artistas com o prefeito, o município encomendou um novo mural à dupla. A obra, segundo os pichadores que atacaram ontem o mural, teria custado R$ 200 mil à prefeitura, que não confirma a informação.
Na tarde de ontem, Osgemeos trabalhavam num mural que estão fazendo para a fachada do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no parque Ibirapuera. Será uma obra permanente do acervo da instituição, doação do banco Credit Suisse.
A reportagem esteve no local, mas nenhum dos dois artistas, assediados por fãs no parque, quis se manifestar. Também se recusaram a confirmar que acompanharam o grupo de funcionários da prefeitura durante a limpeza do mural.
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de São Paulo não informou a origem do alerta para a ação de reparo do mural, o orçamento do projeto original nem o número de funcionários envolvidos na limpeza.


Colaboraram FERNANDA MENA e LAURA CAPRIGLIONE , da Reportagem Local


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