São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2001

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ERIKA PALOMINO

ESTA É UMA CONVOCAÇÃO CLUBBER: SE JOGA!

Chegou o momento do culto ao DJ, a hora oficial em que o cara comum é transformado em artista, em condutor das multidões, em maestro dos tempos modernos. Quem já sabe disso faz tempo e quem está descobrindo agora os mistérios da cultura das pistas de dança têm no Skol Beats uma grande oportunidade de celebração. O evento acontece hoje em Curitiba e amanhã em São Paulo (leia mais à pág. E 8) e oferece, pelo menos, um programa diferente, além de assunto para o resto do ano...
Em relação à programação, há quem sinta falta de grandes estrelas, dos grandes superstars, bem como de shows, em lugar dos DJs e das live pas. Se faltam os medalhões, há atrações interessantes para todos os gostos. Além dos nomes internacionais, o principal mérito deste segundo Skol Beats é valorizar a produção nacional. De 2000 para cá, muita gente passou a produzir, muitos aumentaram seu material especificamente para poder tocar no evento algo diferente do que os concorrentes (vamos assumir que DJ é uma raça competitiva por natureza). Pois em busca desse saudável diferencial, e também de algo novo para mostrar, o eletrônico com cara de Brasil ganha corpo.
E, na enquete da semana passada no site www.erikapalomino.com.br, 83% dos votantes acham que as megaraves perderam seu vibe original. Nesta semana, a gente pergunta: você gostaria de ver mais shows ou mais DJs no Skol Beats? Participe. Quem sabe eles ouvem.

ELETRÔNICO MADE IN BRAZIL
O produtor Renato Cohen é um dos nomes na linha de frente da produção nacional e se apresenta com seu projeto, o Level 202, no Skol Beats. Ele vai aproveitar para mostrar algumas faixas novas que estarão no seu álbum, ainda sem nome, a ser lançado neste semestre pelo novo selo de tecno brasileiro, o Screw. Uma das faixas, "Space", já faz parte dos sets do DJ e, segundo ele, "tem obtido boa resposta de pista". Guilherme Lopes, do duo de drum'n'bass Drumagick, diz que eles estão produzindo em média uma faixa por semana para o evento "Basicamente, o set vai ser 40% de produções nacionais", conta.
Jason Bralli também vai tocar músicas suas, uma delas, ainda sem nome, abrirá seu set. "Estou ouvindo discos todos os dias e aumentando o repertório para fazer uma boa seleção das faixas que mais funcionam na pista. Mas estou bem nervoso de entrar depois de um top DJ como John Digweed", disse, sintetizando o espírito.

DJ FAZ TURISMO NO RIO DE JANEIRO
E John Digweed foi o primeiro a chegar ao Brasil. Ele veio acompanhado do seu manager e resolveu adiantar sua vinda ao Rio para poder aproveitar dois dias de férias -é o máximo que consegue um DJ dessa posição no ranking (ele é o número 2 do mundo, segundo a "DJ"). Como qualquer mortal, o DJ iniciou sua turnê pelo Cristo Redentor e pelo Pão de Açúcar. Digweed esteve em Maresias, onde tocou no Sirena, mas muita gente não gostou.

OS DRAMAS DAS NOMENCLATURAS
Bom, Alex S. diz que vai tocar no Skol Beats o que ele define como tech-trance. "É um tipo de trance que não é muito tocado no Brasil. Às vezes as pessoas até tocam, mas classificam como tecno mesmo. É totalmente energético, não tem aquelas paradas "étnicas" do trance convencional." Entre os tranceiros, a expectativa é o X Dream, a dupla de produtores alemães que faz um dos PAs de trance psicodélicos mais antigos. "Não sei o que as pessoas vão achar do show deles. Hoje em dia, as pessoas têm ouvido mais progressive, de repente elas podem achar estranho", diz a DJ Roxy, adepta do estilo. De fato, tem sido um ano de baixas para o trance. Muitos defensores do gênero migraram de volta para o tecno ou se bandearam para os lados do progressive mesmo. Tanto que um leitor escreveu para cá perguntando o que o Digweed está fazendo na tenda de trance, já que ele toca progressive house? Ele não deveria estar na tenda house? Bom, se estivesse, o povo da house já sairia de casa com as mãos nos ouvidos. E o H-Foundation, que toca tech-house?, não deveria estar na tenda tecno? Imagina, deixa eles lá. Está tudo certo. E além disso, o povo está mais preocupado em saber qual tenda vai estar lá no alto da colina do que com o glossário de gêneros musicais (a saber: é a tenda drum'n'bass). Quem toca house acha que o H-Foundation toca tecno. Quem toca tecno acha que eles tocam house. Então eles são a salvação da lavoura. Hippi-E e Halo Varga, respectivamente de San Diego e Chicago, são os responsáveis por essa pequena revolução e representam o chamado "som da Califórnia". Eu gosto. É criativo, desafiador e agradável.

NÃO QUER IR AO SKOL BEATS?
A maior parte dos clubes não vai abrir ou vai funcionar com esquema B, já que as estrelas da noite de São Paulo e o grosso do público vão estar no evento. Muitos funcionarão em esquema de after-hours, como o Lov.e e o Stereo, por exemplo, onde depois entra Renato Lopes (que abre a tenda tecno) como convidado. Tem a Lôca, também, onde não rola inverno nem verão. E, claro, já tem muita gente programando chill-outs pela cidade, para encontrar os amigos depois do Skol Beats.

ALCANCE MADONNA NO MUNDO
Madonna definiu as primeiras datas de sua turnê, a "Drowned World Tour". Veja se você alcança a fofa em algum lugar do mundo: começa em Colônia (5 de junho), Barcelona (9), Milão (14), Berlim (19), Paris (26 e 27 de junho), Londres (4 de julho), Filadélfia (21), Nova York (25), Boston (6 de agosto), Washington DC (10), Miami (14), Atlanta (19), Detroit (25), Chicago (28), Las Vegas (1º de setembro), Oakland (5), Los Angeles (9). Ela chamou sabe quem para fazer parte de sua banda? O Jacques Lu Cont, do Les Rhytmes Digitales, aquele truqueiro que veio aqui tocar na U-Turn. Diz que quem recomendou Lu Cont para Madonna foi o Mirwais. Mui amigo.

HOUSE ESPIRITUAL FORA DO CLUBE?
Sinceramente, não sei se vai dar muito certo. Afinal, os resultados obtidos por Joe Claussell em sua famosa residência nova-iorquina, o Body & Soul, contam e muito com a atmosfera única da festa dominical no Vinyl. Para se ter uma idéia, um dos "truques" é jogar talco no chão do clube, para que os dançarinos possam deslizar e rodopiar melhor. Em chão de terra, pedra e grama, sem as proteções das paredes baixas do clube, ficaremos somente com o mexe-mexe de frequências.
Sei não...


Colaborou Camila Yahn, free-lance para a Folha

Internet : www.erikapalomino.com.br E-mail : palomino@uol.com.br


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