São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2001

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MÚSICA ERUDITA

Montagem de "Simon Boccanegra" lembra os cem anos de morte do compositor; soprano carioca é destaque

Municipal do Rio leva ao palco ópera "rara" de Verdi

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Teatro Municipal do Rio de Janeiro lembra o centenário de falecimento de Giuseppe Verdi encenando uma das óperas do compositor italiano menos montadas no Brasil. Com regência de Luiz Fernando Malheiro e direção cênica de Mario Corradi, "Simon Boccanegra", ópera em um prólogo e três atos, terá cinco récitas.
O elenco é formado majoritariamente por cantores "importados": os barítonos Gennaro Sulvarán (Simon Boccanegra) e Manuel Alvarez (Paolo Albiani), o baixo Julian Konstantinov (Fiesco) e o tenor Alfredo Portilla (Gabriele Adorno).
Contudo, o maior destaque é carioca: a soprano Eliane Coelho, 49, que canta na Europa desde os anos 70 e integra, desde setembro de 1991, o elenco de uma das mais badaladas casas de ópera do planeta, a Staatsoper de Viena.
Naquele teatro, teve oportunidade de atuar ao lado de alguns dos maiores astros do canto lírico internacional, como o tenor espanhol Plácido Domingo.
"Cantando 25 récitas por temporada, em uma casa que tem mais de 70 títulos no repertório, é uma vantagem para mim estar fixa por lá, pois posso fazer todos meus papéis sem sair da minha cidade", afirmou a cantora, por telefone, à Folha. "Eu gosto muito de viajar, mas não gosto de viajar muito."
No Rio de Janeiro, Coelho interpreta o personagem de Amelia pela primeira vez. "É um papel muito agradável, pois oferece muitos momentos líricos."
A cantora especializou-se em pesados papéis dramáticos, como Salomé, Lady Macbeth e Tosca. Em comparação com eles, Amelia é, para a soprano, uma parte mais leve no aspecto psicológico, mas não tanto no vocal. "Ela não tem aquela agressividade da Lady Macbeth, é uma figura romântica, mas a tessitura do papel é grave."
"Simon Boccanegra" tem libreto de Francesco Maria Piave, narrando intrincada tramas políticas na Gênova do século 14.
A ópera não obteve sucesso ao estrear em Veneza, em 1857, mas não saiu da cabeça do compositor. Verdi chamou seu amigo Arrigo Boito para revisar o libreto, modificou bastante a música e finalmente conseguiu ser bem-sucedido na estréia da segunda versão da obra, no Scala de Milão, em 1881. E será essa a versão de "Simon Boccanegra" a ser apresentada, sem cortes, no Municipal do Rio.


SIMON BOCCANEGRA - ópera de Giuseppe Verdi, com regência de Luiz Fernando Malheiro e direção cênica de Mario Corradi. Onde: Teatro Municipal do Rio de Janeiro (pça. Marechal Floriano, s/nš, tel. 0/xx/21/544-2900) Quando: dias 20, 25 e 27, às 20h30; 22 e 29, às 17h. Quanto: R$ 25 a R$ 80.



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