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MÚSICA ERUDITA
Montagem de "Simon Boccanegra" lembra os cem anos de morte do compositor; soprano carioca é destaque
Municipal do Rio leva ao palco ópera "rara" de Verdi
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O Teatro Municipal do Rio de
Janeiro lembra o centenário de falecimento de Giuseppe Verdi encenando uma das óperas do compositor italiano menos montadas
no Brasil. Com regência de Luiz
Fernando Malheiro e direção cênica de Mario Corradi, "Simon
Boccanegra", ópera em um prólogo e três atos, terá cinco récitas.
O elenco é formado majoritariamente por cantores "importados": os barítonos Gennaro Sulvarán (Simon Boccanegra) e Manuel Alvarez (Paolo Albiani), o
baixo Julian Konstantinov (Fiesco) e o tenor Alfredo Portilla (Gabriele Adorno).
Contudo, o maior destaque é
carioca: a soprano Eliane Coelho,
49, que canta na Europa desde os
anos 70 e integra, desde setembro
de 1991, o elenco de uma das mais
badaladas casas de ópera do planeta, a Staatsoper de Viena.
Naquele teatro, teve oportunidade de atuar ao lado de alguns
dos maiores astros do canto lírico
internacional, como o tenor espanhol Plácido Domingo.
"Cantando 25 récitas por temporada, em uma casa que tem
mais de 70 títulos no repertório, é
uma vantagem para mim estar fixa por lá, pois posso fazer todos
meus papéis sem sair da minha cidade", afirmou a cantora, por telefone, à Folha. "Eu gosto muito
de viajar, mas não gosto de viajar
muito."
No Rio de Janeiro, Coelho interpreta o personagem de Amelia
pela primeira vez. "É um papel
muito agradável, pois oferece
muitos momentos líricos."
A cantora especializou-se em
pesados papéis dramáticos, como
Salomé, Lady Macbeth e Tosca.
Em comparação com eles, Amelia
é, para a soprano, uma parte mais
leve no aspecto psicológico, mas
não tanto no vocal. "Ela não tem
aquela agressividade da Lady
Macbeth, é uma figura romântica,
mas a tessitura do papel é grave."
"Simon Boccanegra" tem libreto de Francesco Maria Piave, narrando intrincada tramas políticas
na Gênova do século 14.
A ópera não obteve sucesso ao
estrear em Veneza, em 1857, mas
não saiu da cabeça do compositor. Verdi chamou seu amigo Arrigo Boito para revisar o libreto,
modificou bastante a música e finalmente conseguiu ser bem-sucedido na estréia da segunda versão da obra, no Scala de Milão, em
1881. E será essa a versão de "Simon Boccanegra" a ser apresentada, sem cortes, no Municipal do
Rio.
SIMON BOCCANEGRA - ópera de
Giuseppe Verdi, com regência de Luiz
Fernando Malheiro e direção cênica de
Mario Corradi. Onde: Teatro Municipal
do Rio de Janeiro (pça. Marechal
Floriano, s/nš, tel. 0/xx/21/544-2900)
Quando: dias 20, 25 e 27, às 20h30; 22 e
29, às 17h. Quanto: R$ 25 a R$ 80.
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