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TELEVISÃO
Crítica
"Limite" é um milagre do cinema
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Está num depoimento de Rogério Sganzerla: um país sem
cinema, diz ele, é que nem um
país sem luz elétrica.
E o Brasil, na virada dos anos
1920/30 era mais ou menos isso: nem cinema nem luz elétrica. De vez em quando, surgia
uma exceção, nem se sabe como: os filmes de Humberto
Mauro, por exemplo.
Mas "Limite" (Canal Brasil,
0h30, livre) é um pouco diferente, pois não responde a um
esforço industrial, mas puramente intelectual.
O que é "Limite"? Difícil responder assim em poucas linhas. Podemos aceitá-lo como
um milagre: a poesia de um
quase menino, de um Rimbaud
cinematográfico, perguntando-se sobre o homem, sua natureza, seu limite.
Soa um pouco pretensioso e,
com efeito, é. O filme sofre do
tema grandiloquente, embora
as imagens, que é o essencial,
não sofram com isso. Nada no
meio predispunha a um filme
como esse. O cinema brasileiro
tem, de repente, essas coisas
fantásticas.
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