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Exposição traz capital como museu ao ar livre
JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estátua "A Justiça", uma
mulher vendada encravada na
praça dos Três Poderes, parece
ter sido colocada na frente do
Supremo Tribunal Federal para servir de cenário em dez entre dez protestos que clamam
por justiça feitos em Brasília.
Também é ótimo pano de
fundo o painel disposto no Salão Verde do Congresso Nacional, usado frequentemente nas
entrevistas com políticos.
Longe de figuração, essas
obras -a primeira, de Alfredo
Ceschiatti, e a segunda, de Di
Cavalcanti- fazem parte do
vasto acervo em área livre ou
em prédios públicos da capital
que poderá ser (re)descoberto
na exposição "Brasília -Síntese das Artes" a partir de hoje, no
CCBB Brasília (leia quadro nesta página).
"As pessoas não têm a menor
ideia do que são as obras com as
quais elas convivem todos os
dias", diz Denise Mattar, curadora da mostra, que ocorre em
meio aos festejos do cinquentenário da cidade.
A curadora entende a capital
como um "museu a céu aberto",
composto por obras como as de
Volpi, Maria Martins, Burle
Marx, Franz Weissmann e
Athos Bulcão, entre outros.
"[Oscar] Niemeyer recuperou o
ideal grego, com as artes integradas à arquitetura", afirma.
Mattar optou por apresentar
essas obras ao público por meio
de fotografias inusitadas e legendas explicativas sobre o autor, na primeira parte da mostra, que ainda traz uma tela inédita do próprio Niemeyer. Há
outros dois núcleos: um com
artistas contemporâneos e outro que fala da curta, porém
inovadora, trajetória do Instituto Central de Artes, da UnB.
O ICA, como ficou conhecido, reuniu artistas de renome,
como professores, entre 1962 e
1965, ano em que a universidade perdeu parte significativa do
quadro numa demissão em
massa em plena ditadura.
Segundo Mattar, o experimentalismo do ICA continuou
influenciando os artistas de
Brasília e do Rio de Janeiro,
com a ida de integrantes do instituto para o MAM-RJ.
Ainda no rol das festividades
dos 50 anos da capital, Brasília
receberá a exposição "Lúcio
Costa -Arquiteto", com estreia
apenas em maio, no Museu Nacional da República.
A intenção da mostra é desvendar a trajetória de Costa,
não só como urbanista mas
também como arquiteto, para
além de seu trabalho mais conhecido: a nova capital.
Para tanto, serão apresentados projetos de arquitetura (como as casas de duas filhas de
Costa), de urbanismo (como a
proposição para a nova capital
da Nigéria) e de intervenções
paisagísticas no Rio de Janeiro
(Outeiro da Glória, monumento a Estácio de Sá no Aterro).
A concepção de Brasília, tornada possível a partir da bagagem do urbanista, também será
esmiuçada. "Como qualquer
pessoa, ele acumulou no seu
"HD" interno a soma das experiências anteriores, muitas das
quais afloraram na concepção
de Brasília. O projeto do parque
Guinle, por exemplo, está na
origem das superquadras", diz
Maria Elisa Costa, filha do urbanista e curadora da mostra.
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