São Paulo, terça-feira, 20 de abril de 2010

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Exposição traz capital como museu ao ar livre

JOHANNA NUBLAT
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A estátua "A Justiça", uma mulher vendada encravada na praça dos Três Poderes, parece ter sido colocada na frente do Supremo Tribunal Federal para servir de cenário em dez entre dez protestos que clamam por justiça feitos em Brasília.
Também é ótimo pano de fundo o painel disposto no Salão Verde do Congresso Nacional, usado frequentemente nas entrevistas com políticos.
Longe de figuração, essas obras -a primeira, de Alfredo Ceschiatti, e a segunda, de Di Cavalcanti- fazem parte do vasto acervo em área livre ou em prédios públicos da capital que poderá ser (re)descoberto na exposição "Brasília -Síntese das Artes" a partir de hoje, no CCBB Brasília (leia quadro nesta página).
"As pessoas não têm a menor ideia do que são as obras com as quais elas convivem todos os dias", diz Denise Mattar, curadora da mostra, que ocorre em meio aos festejos do cinquentenário da cidade.
A curadora entende a capital como um "museu a céu aberto", composto por obras como as de Volpi, Maria Martins, Burle Marx, Franz Weissmann e Athos Bulcão, entre outros. "[Oscar] Niemeyer recuperou o ideal grego, com as artes integradas à arquitetura", afirma.
Mattar optou por apresentar essas obras ao público por meio de fotografias inusitadas e legendas explicativas sobre o autor, na primeira parte da mostra, que ainda traz uma tela inédita do próprio Niemeyer. Há outros dois núcleos: um com artistas contemporâneos e outro que fala da curta, porém inovadora, trajetória do Instituto Central de Artes, da UnB.
O ICA, como ficou conhecido, reuniu artistas de renome, como professores, entre 1962 e 1965, ano em que a universidade perdeu parte significativa do quadro numa demissão em massa em plena ditadura.
Segundo Mattar, o experimentalismo do ICA continuou influenciando os artistas de Brasília e do Rio de Janeiro, com a ida de integrantes do instituto para o MAM-RJ.
Ainda no rol das festividades dos 50 anos da capital, Brasília receberá a exposição "Lúcio Costa -Arquiteto", com estreia apenas em maio, no Museu Nacional da República.
A intenção da mostra é desvendar a trajetória de Costa, não só como urbanista mas também como arquiteto, para além de seu trabalho mais conhecido: a nova capital.
Para tanto, serão apresentados projetos de arquitetura (como as casas de duas filhas de Costa), de urbanismo (como a proposição para a nova capital da Nigéria) e de intervenções paisagísticas no Rio de Janeiro (Outeiro da Glória, monumento a Estácio de Sá no Aterro).
A concepção de Brasília, tornada possível a partir da bagagem do urbanista, também será esmiuçada. "Como qualquer pessoa, ele acumulou no seu "HD" interno a soma das experiências anteriores, muitas das quais afloraram na concepção de Brasília. O projeto do parque Guinle, por exemplo, está na origem das superquadras", diz Maria Elisa Costa, filha do urbanista e curadora da mostra.


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