São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 2011

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Feira de Buenos Aires começa sem Vargas Llosa na abertura

Após tentativa de veto, escritor falará amanhã em evento literário

LUCAS FERRAZ
DE BUENOS AIRES

A frase é de Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel e estrela da 37ª Feira Internacional do Livro de Buenos Aires, que será aberta hoje. "Aqui há uma inequívoca vocação literária", diz, sobre a cidade, escolhida neste ano a capital mundial do livro.
A outra vocação indissociável da Argentina, a política, também será representada no evento pelo escritor peruano, centro de uma polêmica que envolveu até a presidente Cristina Kirchner.
Intelectuais que apoiam o governo tentaram vetar o nome de Vargas Llosa, escalado para a abertura da feira.
Em carta, Horácio González, presidente da Biblioteca Nacional (no passado dirigida por Jorge Luis Borges), pediu que o escritor fosse barrado e substituído por um nome local por não ser "adepto à corrente de ideias que abriga a sociedade argentina". Acusou-o ainda de ser "messiânico".
Liberal (palavra profana para a atual corrente política que governa a Argentina), Mario Vargas Llosa é um antigo crítico do peronismo. Ele tem a mesma percepção sobre o governo Kirchner, que considera um "desastre" para o país.
A meses das eleições presidenciais, que serão em outubro, a polêmica só terminou após intervenção da presidente Cristina Kirchner, que pediu a Horário González uma retratação.
Mas a participação do escritor não será mais na abertura, hoje; foi adiada para amanhã à noite.
Gustavo Canevaro, presidente da Fundação do Livro e um dos organizadores da feira, explicou à Folha que, na abertura, haverá "apenas um coquetel", e negou qualquer ingerência política na mudança.
Bom de briga, Vargas Llosa já anunciou que seu discurso, amanhã, será político. "É um pouco incômodo falar em meio a essa polêmica, mas me comprometi", disse ele em Buenos Aires, onde desde domingo participa de eventos ao lado de opositores do kirchnerismo.
Após a polêmica com os "piqueteiros intelectuais" (pensadores chapa-branca, que defendem o governo), termo empregado pelo próprio escritor, seus livros dispararam na lista dos mais vendidos na cidade.
A Feira Internacional do Livro de Buenos Aires homenageará os escritores argentinos María Elena Walsh e David Vinãs, mortos neste ano.
Nenhum dos dois autores teve livros publicados no Brasil. Com mais de 1.500 estandes de livros, o evento vai até o dia 9 de maio.


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