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SHOW - CRÍTICA
Só rock e carisma salvam o Kiss do caos
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
Para uma platéia de mais de 45
mil pessoas no autódromo de Interlagos, que aguentou um frio de
cair a orelha na noite de sábado, o
Kiss provou que carisma e o bom e
velho rock and roll superam as
condições pífias do show em SP.
Três horas antes da apresentação, o trânsito era um bagunça e filas literalmente quilométricas de
fãs circundavam o autódromo.
Com o público entrando por apenas duas portas, a lentidão irritava.
Quando o Rammstein começou a
fazer a abertura, houve um princípio de tumulto, porque as milhares
de pessoas do lado de fora pensaram estar ouvindo o Kiss.
Mas o quarteto mascarado de
Nova York demorou. A apresentação só começou às 22h55, com
"Psycho Circus". Desavisadas,
muitas pessoas já colocavam o
óculos para 3-D que foi distribuído
na entrada do show, embora a projeção especial do telão só funcionasse em algumas canções. Quando apareceu o anúncio no telão,
antes da quarta música, o público
ficou admirado com o efeito, que
funcionava perfeitamente.
Quer dizer, quase todo o público
ficou admirado, porque parte dele
não viu nada, já que houve falta de
óculos para algumas milhares de
pessoas que estavam no fim da fila
-gente que ainda estava entrando
na sexta música do show!
No palco, o Kiss desfilou seu repertório de hits. O animado Paul
Stanley repetiu o grito "Sao Pólo!"
dezenas de vezes e disse estar contente de tocar "na terra de Sérgio
Mendes(!), Sonia Braga e Pelé".
Surpresa ruim foi a grande utilização de fitas pré-gravadas. Toda a
base de guitarra, baixo e bateria era
gerada por playback. O baterista
Peter Criss não toca mais nada, faz
figuração. Efeitos visuais? Fracos.
Os fogos de artifício foram um punhado de bombinhas de São João
perto do que foi visto nas turnês
dos Stones e do U2. O efeito 3-D é
divertido, mas muito repetitivo.
Ace Frehley deu tiros com sua
guitarra-canhão, a bateria "levitou", Gene Simmons abriu as asas
e voou, e Paul Stanley desfilou sobre o público num cabo de aço.
Tudo muito engraçado, mas o
que importa mesmo é a música. E o
repertório do Kiss é uma paulada.
"Into the Void", Shock Me", "Love
Gun", "Do You Love Me" e tantas
outras fizeram o público cantar
junto. E a histeria virou frenesi religioso quando o grupo atacou
"Rock and Roll All Nite", hino de
todas as bandas de garagem.
No bis, o grande vacilo da noite.
A balada "Beth", clássico do grupo,
foi apresentada em playback total.
Peter Criss empunhou o microfone e fez um karaokê descarado.
Depois, "Detroit Rock City" e
"Black Diamond" encerraram a
noite de uma banda carismática,
que sentiu o peso dos anos, mas
agradou a uma platéia que sofreu
com a desorganização do show.
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