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ARTES VISUAIS
Exposição "Paris 1900" ocupa o CCBB-Rio com peças do Petit Palais
Pioneiros do século 20
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O começo do século 20 deu à luz
a modernidade. Nos primeiros
1900 se fundamentaram descobertas e inovações que atravessaram, como paradigmas ou sob a
forma de influência, os cem anos
seguintes -as vanguardas artísticas, a psicanálise.
O maior palco dessas transformações foi a liberal e republicana
Paris, que luzia remodelada, depois da reforma urbana implementada pelo barão de Haussmann em 1899, lavando da cidade
resquícios medievais, abrindo bulevares e elevando edifícios.
Essa efervescência é inspiradora
da exposição "Paris 1900", a partir
de amanhã no Centro Cultural
Banco do Brasil do Rio.
As peças vêm do Petit Palais,
criado como um dos pavilhões
franceses na Exposição Universal
de Paris, em 1900, e logo convertido em museu para a então arte
contemporânea -o que lhe deu
rico acervo do período. De um
edifício novecentesco para outro:
a sede do CCBB foi construída na
mesma virada de século.
O pai da idéia e responsável pela
curadoria da mostra é Gilles Chazal, 55, diretor do Petit Palais. "Paris 1900" é uma forma de "agradecimento" pelos empréstimos brasileiros para a montagem da mostra "Brasil Barroco", que lotou o
Petit Palais em 2000, explica Chazal à Folha, por telefone, de Paris.
Para "dar ao público brasileiro
uma idéia bastante rica do período", a mostra traz pinturas, esculturas, objetos de arte, gravuras e
desenhos, articulados em torno
de temas, como a mulher parisiense, o cotidiano, o art nouveau
e o simbolismo.
Além dos temas lembrados por
Chazal, destacam-se salas dedicadas a personalidades específicas,
caso, por exemplo, da diva do teatro Sarah Bernhardt. Dona de um
comportamento atípico para as
mulheres da época, a "Divina Sarah" fez turnês por todo o mundo
-inclusive pelo Brasil.
"Consagramos uma sala a Sarah
Bernhardt, em primeiro lugar,
porque ela é muito conhecida no
Brasil", diz Chazal. Outra razão
para o espaço especial é constar
do acervo do Petit Palais o principal retrato da atriz, feito por seu
amante Georges Clairin.
Complementam a sala um busto feito pela atriz, escultora nas
horas vagas, representando outro
de seus amantes, o dramaturgo
Victorien Sardou, e fotos especialmente adquiridas pelo Petit Palais
para a mostra.
A figura do marchand Ambroise Vollard também merece destaque. O "olho aguçado" de Vollard
foi responsável por reconhecer o
talento e difundir o trabalho de
artistas que se tornaram ícones,
como Cézanne e Picasso.
A programação da mostra -
que segue do Rio para São Paulo
(de 5/8 e 6/10) e Porto Alegre (17/
10 a 17/11)- completa-se com seminário e espetáculos musicais.
Chazal ressalta que a exposição
ganhará muito com o acervo do
Masp. "Há um complemento do
cubismo e do fauvismo que nós
não poderíamos mostrar, porque
o Museu de Arte Moderna de Paris nasceu do Petit Palais, no começo dos anos 60, e perdemos para ele o fauvismo e o cubismo.
Mas, com a ajuda do Masp, será
possível mostrar que eles nasceram antes de 1914", diz.
PARIS 1900 - peças do Petit Palais sobre
o período de 1880-1914. Curador: Gilles
Chazal. Onde: CCBB-Rio (r. Primeiro de
Março, 66, tel. 0/xx/21/3808-2020).
Quando: de amanhã a 21/7, de ter. a
dom., das 12h30 às 19h30. Grátis.
Inscrições para o seminário esgotadas
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