|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA
"Arular" retrata as caras política e dançante de M.I.A.
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
M.I.A. é toda política, consciente e tal, mas não se engane: o que ela faz, e "Arular" é a
maior prova, é pura festa.
Sua história lembra os conflitos
no Sri Lanka, mas não é só. Sua
música aflui para um universalismo de impacto quase inédito no
pop: M.I.A. é urbana, cosmopolita, de Primeiro e Terceiro Mundos; atinge e fala para todos.
Completamente desconhecida
há pouco mais de um ano, M.I.A.,
27, apareceu com "Galang", canção de batidas quebradas, funkeadas, que emprestava elementos de
funk carioca, de electro alemão,
do indiano banghra, do rap americano e de mais um monte de referências que provavelmente só
ela conseguiria alinhar.
"Galang" chacoalhou tanto toda
a estrutura do pop -de rádios
rock a clubes dance, de trilhas de
desfiles de moda a comercial na
televisão britânica. Nem era para
estar no CD, mas está; é a última.
Afirmar que a expectativa para
este "Arular" era enorme seria
pouco; bem antes de o disco chegar, M.I.A. estava presente em
grandes festivais e em blogs pessoais. Hoje, ela está em todo lugar.
O apelo das 12 canções do álbum é tão imediato que qualquer
uma delas poderia ter sido escolhida como single. O papel coube
a "Bucky Done Gun", que traz
sampler do carioca Marlboro. É
toda ela um funk carioca, com
umas pitadas de electro e alguns
sopros no meio.
As batidas graves, gordas, secas,
tomam conta do álbum, principalmente em faixas como "Fire
Fire" e "Amazon".
M.I.A. tem voz versátil, esperta,
corre nas sílabas. Em "10 Dollar",
lembra Missy Elliott: "What can I
get for 10 dollar?" (o que eu consigo com 10 dólares?) -é a M.I.A.
britânica. Já "Sunshowers" é crua,
quase tribal -é a M.I.A brasileira.
"Hombre" e "Bingo" são sexy, de
ritmo quebrado por barulhos eletrônicos; fazem rebolar seja num
bailão, seja num clube chique.
Retrato de todas as caras de
M.I.A., "Arular" é imprevisível,
dançante, acessível, atual. Um dos
discos do ano fácil, fácil.
Arular
Artista: M.I.A.
Lançamento: Sum Records
Quanto: R$ 30, em média (chega às lojas do Brasil em junho)
Texto Anterior: Cantora causa furor e é dona de hino do Coachella Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|