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MÚSICA ÉTNICA
Festival abole as fronteiras do mundo
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local
Prepare-se para uma viagem e
tanto, que vai levar você para cruzar várias fronteiras do mundo.
Mas, ao contrário das grandes viagens, em que se fica desnorteado
com as mudanças de fuso, a viagem empreendida pelo festival Todos os Cantos do Mundo, que
acontece a partir de hoje no Sesc
Pompéia, só vai relaxar você.
"O que prevaleceu foi a idéia de
trazer atrações internacionais de
renome e inéditas no Brasil, levando em consideração a força e a diferença do trabalho. Essa distância
que se coloca entre as culturas não
existe. Esse festival é para que não
se entre no novo milênio de uma
maneira muito pasteurizada", disse a cantora Fortuna, responsável
pela seleção das atrações.
O evento reúne, durante nove
dias, oito atrações nacionais e seis
internacionais inéditas no país
(leia quadro ao lado).
Trata-se, por assim dizer, de uma
viagem circular, assim como é o espírito de canções apresentadas por
alguns destaques do evento, como
a cantora siberiana Sainkho. Assim como todas as outras atrações
internacionais, Sainkho vem pela
primeira vez ao Brasil para apresentar basicamente o repertório de
seu primeiro CD, "Out of Tuva",
uma coletânea de registros realizada entre 1986 e 1993.
Nascida em Tuva, uma região ao
sul da Sibéria, na Rússia, Sainkho é
uma representante de um tipo
muito particular de canto: o
"throat sing" (canto gutural), em
que o cantor consegue emitir duas
ou mais notas musicais simultaneamente.
Mas Sainkho se apresenta apenas
na semana que vem, ao lado do
grupo brasileiro Romançal e de
Hermeto Pascoal. O destaque de
hoje, na abertura, é a reunião de Ed
Motta e do argelino, radicado em
Paris, Kadda Cherif Hadria.
O festival terá sempre esse formato: reuniões de artistas brasileiros e estrangeiros que tenham pelo
menos um ponto de contato em
suas produções.
Ed Motta abre o show com sua
fusão de funk e soul, tendo como
base as faixas de seu último CD.
Em seguida, Kadda Cherif Hadria
mostra sua mistura de música pop
árabe (rai) com elementos de jazz,
fusion e música caribenha.
"A união de Ed Motta e Kadda
Cherif Hadria pega o espectador
pelo ritmo e pela dança. Vai ser
muito forte, como todas as uniões
que o evento vai promover, mas de
maneiras diferentes", disse a cantora Fortuna.
Apesar de absolutamente desconhecidas no Brasil, as atrações internacionais são muito requisitadas na Europa e nos EUA. O evento
queria trazer, por exemplo, Cesária Évora, que, porém, não tinha
espaço na agenda.
"A companhia de dança espanhola do Joaquín Ruiz também foi
muito difícil, pois ela está com a
agenda lotada até o ano 2000. A
Najma também, pois existe hoje
um mercado internacional fortíssimo para a música do mundo. Todas as grandes gravadoras do
mundo tem segmentos dedicados
à world music", disse Fortuna.
Ruiz se apresenta amanhã e sábado em um espaço alternativo do
evento, a choperia. O deck do Sesc
Pompéia também será usado, no
domingo, para a apresentação do
Família Alcântara Coral.
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