|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÔNICA BERGAMO
Fotos Greg Salibian/Folha Imagem
|
Xuxa chega num comboio de cinco carros à SP Fashion Week; 37 seguranças vão acompanhá-la durante o evento |
Trinta e sete homens de preto
Às 18h30 da quarta-feira, 16, seis seguranças são posicionados no hangar da TAM onde estacionará o Citation que trará Xuxa Meneghel a São
Paulo para o desfile da SP Fashion
Week. Ela chega, com Luciano Szafir,
pai de sua filha, Sasha, despede-se dele
com um abraço e entra numa Caravan
blindada. O comboio de carros formado
para acompanhá-la toma as ruas. O caminho vai sendo aberto por uma espécie
de camburão. Atrás dele, a Caravan que
leva Xuxa, um Ecco, um Golf e um Kia.
Partem a 90km/h. A velocidade aumenta: 100 km/h, 120 km/h, em plena avenida 23 de Maio.
É hora do rush. O Golf e o Kia
ficam para trás. Pisam no acelerador, "costuram" no trânsito.
O nervosismo é grande. Eles
têm de alcançar Xuxa novamente, custe o que custar. O carro dela anda cada vez mais rápido. Está em "rota de fuga", ou
seja, roda em alta velocidade para não ser seguido por desconhecidos.
Um grupo de fãs, em três táxis,
se perde no caminho. O Golf e o
Kia conseguem colar de novo
na Caravan de Xuxa.
Os seguranças de Xuxa estão
por toda a parte. Na quarta-feira, eles eram 37 na SPFW: 12 homens que sempre trabalham
com Xuxa na cidade e 25 escalados pelo evento para zelar pela
tranqüilidade da estrela. Os homens da escolta de Xuxa são
classificados como "classe A".
Têm noções de inglês, cursos de
direção defensiva para escapar
de perseguições dando cavalos-de-pau e subindo em calçadas
sem atropelar os pedestres.
Jamais pedem autógrafos às
celebridades. Ganham cerca de
R$ 200 por dia ou até R$ 7.000
mensais para trabalhos fixos.
Alguns já fizeram a segurança
de Ayrton Senna, de Leandro e
Leonardo, de Chitãozinho e Xororó e de trios elétricos da Parada Gay.
Mas, como Xuxa, não há. É a
artista que anda com o maior
número de seguranças em seu
encalço. Leandro tem dois seguranças; o craque Ronaldo circulou em São Paulo sozinho na semana passada; Senna escalava
seis homens para aparecer em
eventos; Xuxa tinha o dobro, só
de sua equipe, na SPFW. "É necessário. Todos querem pegar
nela, o assédio é muito grande",
diz Marco Antonio Lopes, da
TST Segurança, que trabalha
com a apresentadora, quando
ela vem a São Paulo, há 17 anos.
Na segunda, dois dias antes do
desfile de Xuxa, Lopes foi ao
prédio da Bienal e caminhou
por todos os lugares em que Xuxa iria pisar no dia do desfile.
Fez dezenas de perguntas a
Francisco Quinquinato, da empresa Faqui, contratada para a
segurança da SPFW. "Você vai
colocar gente sua quando ela
chegar aqui?" Sim, oito seguranças só na entrada, "para
afastar os jornalistas". Outros
tantos na porta do camarim. Na
passarela da Ellus, para quem
Xuxa desfilaria, mais dez. "Vou
colocar dois homens nossos
também", pediu Lopes. Quinquinato concordou. "Posso dar
uma olhadinha no camarim?"
Até o banheiro Lopes, que já foi
PM, quis visitar.
Enquanto faziam a vistoria, os
dois comentavam o seqüestro
da filha de um cliente comum.
"Ele pagou o resgate hoje, R$ 1,5
milhão. Sofreu um infarto, coitado, e está no hospital", comentava Quinquinato. "Só nessas horas é que as pessoas vêem
que precisam de segurança",
diz. Com Xuxa não é assim. Se
sua filha, Sasha, viesse ao SPFW,
a segurança triplicaria.
No dia do evento, Magno Chaves, o segurança pessoal da
apresentadora, desembarcou
do Rio quatro horas antes de
Xuxa. Com ela há quase 20 anos,
Magno é o chefe maior da segurança e tem a palavra final sobre
tudo. "Ninguém entra no camarim sem ser identificado e sem
autorização da dona Mônica
[Muniz, assessora de Xuxa]",
diz ele. Nem mesmo os donos
da Ellus, Nelson Alvarenga e
Adriana Bozon, que pagaram
um cachê estimado em US$ 100
mil para Xuxa desfilar e fazer a
campanha fotográfica da marca
(o dinheiro foi doado para a
Fundação Xuxa Meneghel).
Magno e equipe verificam se
tudo está no lugar: o sushi que o
sushiman Adriano Kanashiro
preparou no próprio camarim;
os chocolates Alpino, as frutas,
em especial o caqui. Tubi Schiavetii, da Ellus, e o publicitário
Marcelo Sebá comentavam que
a apresentadora é "uma fofa",
pois só pediu coisas simples.
Num desfile anterior, a top Kate
Moss chegou a exigir champanhe em copo de plástico para
que os jornalistas julgassem que
ela bebia refrigerante.
Xuxa chega à Bienal, os seguranças abrem caminho. Em
meia hora, faz cabelo, maquiagem. Escolhe roupa (está 4 kg
acima do peso) e sapatos entre
oito pares disponibilizados para
ela. Xuxa não gosta de nada
muito alto e escolheu um modelo de salto sete.
O desfile é rápido, cerca de dez
minutos. Xuxa entra, é aplaudida, dá uma volta, dá tchau. É
cercada pela multidão -e pelos
seguranças, claro. Está com
pressa. A filha, Sasha, teve uma
indigestão e passou mal a noite
inteira. Falou no celular com a
mãe minutos antes do desfile.
Xuxa troca de roupa. Os seguranças carregam um prato do
sushi que ela nem teve tempo de
provar no camarim. O comboio
de carros parte da SPFW rumo
ao aeroporto. Às 22 horas, ela
embarca no Citation da TAM. O
avião prepara a partida. Os 12
seguranças não arredam pé do
hangar. Só vão embora quando
o jatinho descola do chão rumo
ao Rio de Janeiro.
@: bergamo@folhasp.com.br
COM ALVARO LEME e LUCRECIA ZAPPI
Texto Anterior: Personalidade e atitude conquistam fashionistas Próximo Texto: TV: "Foi muito tempo de pouca vergonha no ar" Índice
|