São Paulo, domingo, 20 de junho de 2004

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MÔNICA BERGAMO

Fotos Greg Salibian/Folha Imagem
Xuxa chega num comboio de cinco carros à SP Fashion Week; 37 seguranças vão acompanhá-la durante o evento


Trinta e sete homens de preto

Às 18h30 da quarta-feira, 16, seis seguranças são posicionados no hangar da TAM onde estacionará o Citation que trará Xuxa Meneghel a São Paulo para o desfile da SP Fashion Week. Ela chega, com Luciano Szafir, pai de sua filha, Sasha, despede-se dele com um abraço e entra numa Caravan blindada. O comboio de carros formado para acompanhá-la toma as ruas. O caminho vai sendo aberto por uma espécie de camburão. Atrás dele, a Caravan que leva Xuxa, um Ecco, um Golf e um Kia. Partem a 90km/h. A velocidade aumenta: 100 km/h, 120 km/h, em plena avenida 23 de Maio.

É hora do rush. O Golf e o Kia ficam para trás. Pisam no acelerador, "costuram" no trânsito. O nervosismo é grande. Eles têm de alcançar Xuxa novamente, custe o que custar. O carro dela anda cada vez mais rápido. Está em "rota de fuga", ou seja, roda em alta velocidade para não ser seguido por desconhecidos.

Um grupo de fãs, em três táxis, se perde no caminho. O Golf e o Kia conseguem colar de novo na Caravan de Xuxa.

Os seguranças de Xuxa estão por toda a parte. Na quarta-feira, eles eram 37 na SPFW: 12 homens que sempre trabalham com Xuxa na cidade e 25 escalados pelo evento para zelar pela tranqüilidade da estrela. Os homens da escolta de Xuxa são classificados como "classe A". Têm noções de inglês, cursos de direção defensiva para escapar de perseguições dando cavalos-de-pau e subindo em calçadas sem atropelar os pedestres.

Jamais pedem autógrafos às celebridades. Ganham cerca de R$ 200 por dia ou até R$ 7.000 mensais para trabalhos fixos. Alguns já fizeram a segurança de Ayrton Senna, de Leandro e Leonardo, de Chitãozinho e Xororó e de trios elétricos da Parada Gay.

Mas, como Xuxa, não há. É a artista que anda com o maior número de seguranças em seu encalço. Leandro tem dois seguranças; o craque Ronaldo circulou em São Paulo sozinho na semana passada; Senna escalava seis homens para aparecer em eventos; Xuxa tinha o dobro, só de sua equipe, na SPFW. "É necessário. Todos querem pegar nela, o assédio é muito grande", diz Marco Antonio Lopes, da TST Segurança, que trabalha com a apresentadora, quando ela vem a São Paulo, há 17 anos.

Na segunda, dois dias antes do desfile de Xuxa, Lopes foi ao prédio da Bienal e caminhou por todos os lugares em que Xuxa iria pisar no dia do desfile.

Fez dezenas de perguntas a Francisco Quinquinato, da empresa Faqui, contratada para a segurança da SPFW. "Você vai colocar gente sua quando ela chegar aqui?" Sim, oito seguranças só na entrada, "para afastar os jornalistas". Outros tantos na porta do camarim. Na passarela da Ellus, para quem Xuxa desfilaria, mais dez. "Vou colocar dois homens nossos também", pediu Lopes. Quinquinato concordou. "Posso dar uma olhadinha no camarim?" Até o banheiro Lopes, que já foi PM, quis visitar.

Enquanto faziam a vistoria, os dois comentavam o seqüestro da filha de um cliente comum. "Ele pagou o resgate hoje, R$ 1,5 milhão. Sofreu um infarto, coitado, e está no hospital", comentava Quinquinato. "Só nessas horas é que as pessoas vêem que precisam de segurança", diz. Com Xuxa não é assim. Se sua filha, Sasha, viesse ao SPFW, a segurança triplicaria.

No dia do evento, Magno Chaves, o segurança pessoal da apresentadora, desembarcou do Rio quatro horas antes de Xuxa. Com ela há quase 20 anos, Magno é o chefe maior da segurança e tem a palavra final sobre tudo. "Ninguém entra no camarim sem ser identificado e sem autorização da dona Mônica [Muniz, assessora de Xuxa]", diz ele. Nem mesmo os donos da Ellus, Nelson Alvarenga e Adriana Bozon, que pagaram um cachê estimado em US$ 100 mil para Xuxa desfilar e fazer a campanha fotográfica da marca (o dinheiro foi doado para a Fundação Xuxa Meneghel).

Magno e equipe verificam se tudo está no lugar: o sushi que o sushiman Adriano Kanashiro preparou no próprio camarim; os chocolates Alpino, as frutas, em especial o caqui. Tubi Schiavetii, da Ellus, e o publicitário Marcelo Sebá comentavam que a apresentadora é "uma fofa", pois só pediu coisas simples. Num desfile anterior, a top Kate Moss chegou a exigir champanhe em copo de plástico para que os jornalistas julgassem que ela bebia refrigerante.

Xuxa chega à Bienal, os seguranças abrem caminho. Em meia hora, faz cabelo, maquiagem. Escolhe roupa (está 4 kg acima do peso) e sapatos entre oito pares disponibilizados para ela. Xuxa não gosta de nada muito alto e escolheu um modelo de salto sete.

O desfile é rápido, cerca de dez minutos. Xuxa entra, é aplaudida, dá uma volta, dá tchau. É cercada pela multidão -e pelos seguranças, claro. Está com pressa. A filha, Sasha, teve uma indigestão e passou mal a noite inteira. Falou no celular com a mãe minutos antes do desfile.

Xuxa troca de roupa. Os seguranças carregam um prato do sushi que ela nem teve tempo de provar no camarim. O comboio de carros parte da SPFW rumo ao aeroporto. Às 22 horas, ela embarca no Citation da TAM. O avião prepara a partida. Os 12 seguranças não arredam pé do hangar. Só vão embora quando o jatinho descola do chão rumo ao Rio de Janeiro.

@: bergamo@folhasp.com.br

COM ALVARO LEME e LUCRECIA ZAPPI


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