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Com Tom Zé, Trama lança projeto de discos grátis
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL
É com bastante tranqüilidade, para um dono de gravadora,
que João Marcello Bôscoli resume os tempos modernos: as
pessoas não querem mais pagar
por música na internet. Os artistas e técnicos que trabalham
para criar música, no entanto,
continuam precisando receber.
Como se resolve esse impasse?
No caso da Trama, a gravadora que Bôscoli preside, a solução foi dar ao público o que ele
quer (música grátis) e mandar a
conta para um patrocinador.
É o projeto Álbum Virtual
(albumvirtual.trama.com.br), lançado oficialmente hoje,
com um novo disco de Tom Zé,
"Danç-Êh-Sá ao Vivo", que já
está disponível para download
na íntegra, incluindo o encarte
e extras (fotos e vídeos).
"Foi a solução que nos parecia mais lógica. Jornais e TVs
têm anúncios, achamos que
poderíamos resolver a equação
assim", diz Bôscoli.
Isso significa associar marcas a cada lançamento -no caso de Tom Zé e do próximo álbum a entrar no site, o do trio
de rock Macaco Bong, o patrocínio vem do Grupo VR, do
qual a Trama faz parte.
Já há negociações para que o
próximo de Ed Motta também
seja lançado no esquema do Álbum Virtual e até mesmo discos de grande repercussão internacional, como o novo do
Cansei de Ser Sexy.
Como o osso de "2001"
A escolha do baiano de Irará
para iniciar o projeto (houve
um "piloto" anterior, com o
grupo Dance of Days) foi razoavelmente lógica, diz Bôscoli.
"Ele é uma figura que conversa com muitas gerações, tem
uma obra inovadora, já se espera dele novas propostas. E ainda tinha acabado de gravar o álbum ao vivo no nosso estúdio."
Para o próprio Tom Zé, 71, a
sensação foi de grande transformação. "Sabe aquela cena do
osso de "2001", do Kubrick? Eu
me sinto assim, um osso pré-histórico virando uma estação
orbital", diz ele, por telefone.
Do ponto de vista do seu ganha-pão, Tom Zé só vê vantagens. "Quanto mais gente ouvir, mais interesse nos shows,
que é do que a gente vive. E,
nesse caso, eu ainda estou sendo remunerado, uma empresa
paga pelo que for baixado."
As relações do artista com a
internet, no entanto, são um
pouco precárias, apesar de ele
ter site (tomze.com.br) e blog
(tomze.blog.uol.com.br).
"Eu não sou interneteiro,
mas, por exemplo, vi uma capa
do Folhateen sobre artistas
novos e pedi para minha secretária baixar Mallu Magalhães.
Mas não sou navegador, sou de
pequena cabotagem."
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