São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Com Tom Zé, Trama lança projeto de discos grátis

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

É com bastante tranqüilidade, para um dono de gravadora, que João Marcello Bôscoli resume os tempos modernos: as pessoas não querem mais pagar por música na internet. Os artistas e técnicos que trabalham para criar música, no entanto, continuam precisando receber. Como se resolve esse impasse?
No caso da Trama, a gravadora que Bôscoli preside, a solução foi dar ao público o que ele quer (música grátis) e mandar a conta para um patrocinador.
É o projeto Álbum Virtual (albumvirtual.trama.com.br), lançado oficialmente hoje, com um novo disco de Tom Zé, "Danç-Êh-Sá ao Vivo", que já está disponível para download na íntegra, incluindo o encarte e extras (fotos e vídeos).
"Foi a solução que nos parecia mais lógica. Jornais e TVs têm anúncios, achamos que poderíamos resolver a equação assim", diz Bôscoli.
Isso significa associar marcas a cada lançamento -no caso de Tom Zé e do próximo álbum a entrar no site, o do trio de rock Macaco Bong, o patrocínio vem do Grupo VR, do qual a Trama faz parte.
Já há negociações para que o próximo de Ed Motta também seja lançado no esquema do Álbum Virtual e até mesmo discos de grande repercussão internacional, como o novo do Cansei de Ser Sexy.

Como o osso de "2001"
A escolha do baiano de Irará para iniciar o projeto (houve um "piloto" anterior, com o grupo Dance of Days) foi razoavelmente lógica, diz Bôscoli.
"Ele é uma figura que conversa com muitas gerações, tem uma obra inovadora, já se espera dele novas propostas. E ainda tinha acabado de gravar o álbum ao vivo no nosso estúdio."
Para o próprio Tom Zé, 71, a sensação foi de grande transformação. "Sabe aquela cena do osso de "2001", do Kubrick? Eu me sinto assim, um osso pré-histórico virando uma estação orbital", diz ele, por telefone.
Do ponto de vista do seu ganha-pão, Tom Zé só vê vantagens. "Quanto mais gente ouvir, mais interesse nos shows, que é do que a gente vive. E, nesse caso, eu ainda estou sendo remunerado, uma empresa paga pelo que for baixado."
As relações do artista com a internet, no entanto, são um pouco precárias, apesar de ele ter site (tomze.com.br) e blog (tomze.blog.uol.com.br).
"Eu não sou interneteiro, mas, por exemplo, vi uma capa do Folhateen sobre artistas novos e pedi para minha secretária baixar Mallu Magalhães. Mas não sou navegador, sou de pequena cabotagem."


Texto Anterior: Faixas estão na internet desde maio
Próximo Texto: Trecho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.