São Paulo, quinta-feira, 20 de julho de 2000


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RELÂMPAGOS

Azul-celeste

JOÃO GILBERTO NOLL

O golpe virá. Isso era o que se dizia por ali. E ele entrava naquele prédio a passos largos, uma das mãos aferrada no bolso. Não que ele ouvisse esses murmúrios, não que tivesse a menor das intenções de beber seus ecos, porque de uns tempos para cá comandava aquele prédio num embalo de sultão da espécie. Assim, quando entrou na sala que dava para a cidade quase inteira, correu ao botão que deixaria blindado o ambiente, algo aromatizado, numa luz ideal, mais qualificada certamente do que a violência tropical da luz daquela manhã. Foi quando ouviu, lá num dos miseráveis cômodos da mente, seu cão ganir de dor. Olhou a mão ensanguentada encostar na sua camisa azul-celeste. Apertou os olhos. E viu a nódoa agora difusa num verdadeiro céu de brigadeiro.


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