|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ANÁLISE
No SBT, ricos corrompem e choram
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA
Além de sonegar e corromper, "Os Ricos Também
Choram". A nova novela, que o
SBT estreou na última segunda-feira, reúne a experiência de Henrique Martins, dos tempos do
"Sheik de Agadir", com a animação de um elenco competente, para bater na mesma tecla que a
concorrência.
Cumprindo o contrato bizarro
de adaptar textos mexicanos, o
SBT admite alguma impertinência, oportuna. A heroína Mariana
(Thaís Fersoza, ex-"Malhação")
enfrenta o coronel, um "velhote
tagarela".
Marcos Lazarini levou o original da cubana Inés Rodena para o
passado. A inversão é curiosa, afinal foram os folhetins eletrônicos
brasileiros que puxaram as tramas mexicanas para tempos contemporâneos. Ao realizar o movimento inverso -o drama acontece em uma cidadezinha fictícia
nos anos 30-, o autor encontra
terreno fértil para ampliar o escopo de sua história, adicionando
elementos típicos daqui.
O romance cinderelesco é a base
para digressões sobre a conjuntura política que opunha constitucionalistas a getulistas em um panorama de crise da agricultura cafeeira paulista.
A fórmula é conhecida. O pano
de fundo procura tornar alguns
lances de melodrama mirabolante verossímeis. Chega a ser hilária
a seqüência em que Evaristo (Flávio Galvão) reconhece a marca de
nascença no braço de Mariana.
Três pontinhos dispostos como
vértices de um triângulo revelam
a identidade da filha. Ele a faz herdeira pouco antes de se atirar em
um precipício.
A heroína justa terá que enfrentar a resistência da fútil viúva interpretada por Mika Lins -muito bem no papel de vilã- e de sua
filha Sofia, vivida por Ludmila
Dayer, que vem de uma boa atuação em "Senhora do Destino".
Apesar de Silvio Santos, o SBT
vem tentando apurar a qualidade
de produção. Resta saber por
quanto tempo e com que grau de
inovação.
Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP
Texto Anterior: Televisão: Daniella Cicarelli pede autorização para "invadir" festa Próximo Texto: Festival: Joinville quer ir além da disputa na dança Índice
|