São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2005

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ANÁLISE

No SBT, ricos corrompem e choram

ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Além de sonegar e corromper, "Os Ricos Também Choram". A nova novela, que o SBT estreou na última segunda-feira, reúne a experiência de Henrique Martins, dos tempos do "Sheik de Agadir", com a animação de um elenco competente, para bater na mesma tecla que a concorrência.
Cumprindo o contrato bizarro de adaptar textos mexicanos, o SBT admite alguma impertinência, oportuna. A heroína Mariana (Thaís Fersoza, ex-"Malhação") enfrenta o coronel, um "velhote tagarela".
Marcos Lazarini levou o original da cubana Inés Rodena para o passado. A inversão é curiosa, afinal foram os folhetins eletrônicos brasileiros que puxaram as tramas mexicanas para tempos contemporâneos. Ao realizar o movimento inverso -o drama acontece em uma cidadezinha fictícia nos anos 30-, o autor encontra terreno fértil para ampliar o escopo de sua história, adicionando elementos típicos daqui.
O romance cinderelesco é a base para digressões sobre a conjuntura política que opunha constitucionalistas a getulistas em um panorama de crise da agricultura cafeeira paulista.
A fórmula é conhecida. O pano de fundo procura tornar alguns lances de melodrama mirabolante verossímeis. Chega a ser hilária a seqüência em que Evaristo (Flávio Galvão) reconhece a marca de nascença no braço de Mariana. Três pontinhos dispostos como vértices de um triângulo revelam a identidade da filha. Ele a faz herdeira pouco antes de se atirar em um precipício.
A heroína justa terá que enfrentar a resistência da fútil viúva interpretada por Mika Lins -muito bem no papel de vilã- e de sua filha Sofia, vivida por Ludmila Dayer, que vem de uma boa atuação em "Senhora do Destino".
Apesar de Silvio Santos, o SBT vem tentando apurar a qualidade de produção. Resta saber por quanto tempo e com que grau de inovação.


Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP

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