|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Campos vê ópera simples de Donizetti
"Rita" tem direção de Carla Camurati e regência de Debora Waldman; apresentações são hoje e domingo
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Como o tema do 38º Festival
de Inverno de Campos do Jordão é a mulher, a ópera encenada no evento tem nome e comando inteiramente femininos: Debora Waldman é a regente, enquanto Carla Camurati faz a direção cênica de "Rita", de Donizetti.
Desde que o maestro Roberto Minczuk assumiu a direção
artística do festival, o evento
tem realizado uma montagem
operística por ano -de preferência resgatando títulos pouco
feitos no Brasil.
"Rita" é uma comédia em um
ato de Gaetano Donizetti
(1797-1848), um dos principais
expoentes da escola italiana conhecida como "bel canto", que
priorizava o virtuosismo dos
cantores e a beleza das linhas
melódicas vocais, relegando o
acompanhamento orquestral
ao segundo plano.
Autor de "Lucia di Lammermoor", "O Elixir do Amor" e "A
Filha do Regimento", Donizetti
escreveu "Rita" em 1841, mas
não chegou a ver sua estréia,
que só ocorreu em 1860. Simples e esquemática, a trama gira
em torno de uma hospedeira de
caráter irascível, cujos dois maridos disputam, no jogo, quem
dela vai se livrar.
Dirigido pela cineasta Carla
Camurati, o espetáculo traz, no
elenco, cantores que têm atuado com regularidade nos palcos
paulistanos: a soprano Rosana
Lamosa, o tenor Fernando Portari e o barítono Paulo Szot.
A novidade está no fosso orquestral, no qual a Orquestra
Acadêmica, constituída por
professores e alunos do festival,
é dirigida por Debora Waldman, 30, que há dois anos é assistente de Kurt Masur na Orquestra Nacional da França.
Filha de uma maestrina e um
violonista, Waldman nasceu no
bairro paulistano do Belenzinho, emigrando para a Argentina com três anos de idade. Viveu ainda em Israel, antes de se
radicar em Paris, mas não se esqueceu do português, que ela
fala com sotaque carregado.
Waldman conta que era flautista de formação, até que,
quando atingiu os 17 anos de
idade, sua mãe pediu a ela que
dirigisse o ensaio da orquestra
que regia.
"Uma regente mulher não é
nada de excepcional, embora a
relação com os músicos seja outra", diz.
"Quando você sobe no pódio,
eles já te olham de maneira diferente. E tem coisas que um
maestro pode dizer, mas não fica bem para uma mulher", conta Waldman. "Nessa hora, você
tem de ser profissional: só pode
falar de música, música, música", afirma.
RITA
Quando: hoje, às 21h
Onde: auditório Cláudio Santoro
(av. Dr. Luís Arrobas Martins, 1.880,
Campos do Jordão, tel. 0/xx/12/3662-2334)
Quanto: R$ 60
Quando: dom., às 12h30
Onde: praça do Capivari
Quanto: entrada franca
Texto Anterior: Autora de Harry Potter critica furo de embargo Próximo Texto: Thiago Ney Índice
|