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MÚSICA
Bandas fogem do padrão com "rock matemático"
Grupos como Medications e Battles criam som complexo, dissonante... e ainda assim pop
Músicos consideram "pouco elegante" e sem sentido termo usado para classificar suas canções, que têm andamento não-linear
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
A música não é de fácil digestão, e o nome que deram a ela
também não é dos mais convidativos. "Math rock", ou rock
matemático, é como foram
classificadas bandas como
as norte-americanas Medications e Battles.
O termo "math rock" surgiu
entre o final dos anos 80 e o começo dos 90, para tentar abarcar algumas bandas norte-americanas aparentemente inclassificáveis, que juntavam como influências compositores
eruditos e free-jazz.
É um termo genérico, que
reúne artistas cujas músicas fogem do padrão pop roqueiro
-têm estrutura rítmica complexa, batidas dissonantes.
O músico paulista Marcelo
Fusco ajuda a resolver essa
equação: "Os músicos utilizam
alguns truques", diz. "Não são
canções cantaroláveis. Há uma
estrofe, refrão, depois a próxima estrofe é completamente
diferente da primeira. Se você
tirar cada parte, desconstruir a
música, verá que elas são até
bem simples. Mas, ao juntar tudo, parecem complexas."
"O andamento não é linear,
esses músicos trabalham bastante com o contratempo, a
melodia é quebrada. As ba-
ses da guitarra e o andamento
da bateria correm em ritmos
diferentes, e essa estrutura
lembra uma fórmula matemática", completa.
Com um formato todo particular, é uma música de assimilação mais difícil do que o rock
popular. Mas acaba cativando o
ouvinte. Um exemplo é a canção "Atlas", do Battles.
A música acaba de ser lançada em single e pode ser ouvida
no site www.myspace.com/battlestheband. Tem riffs
quebrados de guitarra, teclados
esquizofrênicos, vocal abstrato,
mesmo assim é... pop.
O Battles lançou recentemente o seu primeiro álbum,
"Mirrored", pelo selo inglês
Warp -ainda não há previsão
de lançamento no Brasil. A
banda é formada por Tyondai
Braxton (guitarra, teclado, vocal; filho do jazzista Anthony
Braxton), Dave Konopka (guitarra, baixo), Ian Williams (guitarra, teclado) e John Stanier
(bateria; ex-Helmet).
"Do coração"
Nenhum músico gosta de ter
sua música categorizada. Sobre
o termo math rock, Tyondai
Braxton diz em entrevista à Folha, por e-mail: "Que música
não utiliza matemática? Um
termo original seria "rock não-matemático". Porque math
rock não significa nada. É como
dizer: "Meu favorito tipo de gelo
é gelo gelado'".
"É música que vem do coração e não de algum lugar matemático", afirma Devin Ocampo,
vocalista do trio Medications,
de Washington. "Sim, é uma
música que não se encaixa no
padrão pop. Mas o termo não é
muito elegante."
Banda com um disco lançado, "Your Favorite People All in
One Place" (05), o Medications
traz em seu rock influências diversas. Principalmente jazz.
"Ouvimos rock clássico, folk,
muitas coisas. E tudo isso está
incorporado na música. Mas
talvez o jazz seja um dos mais
influentes, o que nos diferencia
de outras bandas roqueiras."
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