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Família lamenta prejuízo à obra, mas descarta uma reconciliação
DO ENVIADO AO RIO
A cisão que mantém em
guerra os herdeiros de Cecilia
Meireles (1901-1964) teve como marco uma ação movida
em 2000 pela atriz Maria Fernanda Correia Dias, a caçula
das três filhas de Cecilia Meireles, contra o sobrinho Alexandre Teixeira, filho de Maria Mathilde, filha do meio.
Maria Fernanda contestava a prestação de contas dos
direitos autorais feita pelo sobrinho, que é advogado e
agente literário da avó.
Em 2007, Teixeira foi condenado em 2007 a pagar R$
799,6 mil. No cálculo do advogado de Maria Fernanda,
Edward Halbouti, o valor
atualizado está próximo dos
R$ 2 milhões. Teixeira contesta as cifras e diz que sempre repassou os valores corretos à tia.
O desenrolar dessa disputa aumentou o racha entre os
herdeiros e criou uma situação inusitada: todos lamentam o conflito e suas consequências para a obra de Cecilia, mas as mesmo tempo as partes rejeitam qualquer possibilidade de reconciliação.
"Não há briga, há um desencontro. Meu problema
não é com a obra da Cecilia, é
com prestação de contas. O
Alexandre tinha outras ambições que não eram as nossa, que não eram normais",
declara Maria Fernanda.
Alexandre Teixeira argumenta que a obra da avó ficou por muitos anos descuidada, até ele assumir, há 24
anos, a administração dos direitos. "O mal estar na família sempre existiu, mas nada
acontecia porque a obra estava parada. Mais Fernanda já
se metia, e minha mãe e tia
Maria Elvira deixavam."
Ele atua na disputa com o
primo Ricardo Strang, filho
de Maria Elvira, a primogênita de Cecilia.
Strang comprou em leilão
o casarão do Cosme Velho
onde a poeta morou, depois
que Maria Fernanda passou
anos no imóvel.
Os dois primos culpam a
tia pelo mau estado em que
hoje se encontra a casa, sede
da agência Solombra, de Teixeira. Conhecido no ambiente editorial pela dureza com
que defende os direitos dos
seu clientes (também é agente de Manuel Bandeira), ele
diz que "o mercado é coronelista, acostumou-se a tratar o
autor à base de mariola".
(FV)
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