São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2011

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Bastidores da notícia

Documentário invade a Redação do "New York Times" e mostra transformações na era da internet

FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

David Carr, um pai solteiro ex-viciado em crack, é hoje o respeitado colunista de mídia do jornal "New York Times". Figura improvável, que alterna resmungos com docilidades, ele é o fio condutor do documentário "Page One" (página um), uma espiadinha pelos corredores do jornal mais influente do mundo.
Em cartaz nos EUA e sem distribuidora no Brasil, o filme passa um ano no rastro de repórteres da editoria de mídia, formada em 2008 para cobrir a revolução digital e os jornais mortos pelo caminho.
A própria saúde do "Times" é questionada: seu prédio-sede foi penhorado para um empréstimo de US$ 225 milhões (cerca de R$ 353 milhões) e o filme registra quando cem jornalistas são demitidos de uma vez.
"Page One" aborda casos polêmicos como o do WikiLeaks, site que vazou dados do governo para jornais, e traz curiosidades como um editor que tem em sua sala um pôster de "Cidadão Kane". Com direção de Andrew Rossi, a produção é de Kate Novack, que falou à Folha por e-mail.

 


Folha - Como conseguiu permissão para filmar dentro do jornal?
Kate Novack -
Foi um processo de seis meses de reuniões, mas, no final, o editor-executivo, Bill Keller, nos autorizou. Disse que tinha orgulho de seus jornalistas e que queria que o mundo pudesse vê-los trabalhar.

O filme não mostra a chegada de Jill Abramson [que substituirá Keller em setembro] nem se funcionou o sistema de cobrança do site. Quando decidiram parar de filmar?
A história do futuro da mídia ainda está sendo escrita. Fomos cuidadosos para não apresentar nenhum final artificial. Mas dá uma esperança. O "Times" vai continuar, mas não com o poder que um dia teve. É uma avaliação honesta de como as coisas estão.

O jornal é mesmo um universo masculino como aparece no filme?
Quando começamos a filmar, a editoria de mídia tinha 14 jornalistas e apenas duas mulheres, que se recusaram a participar do filme. Então, nossa janela dentro do "Times" é bastante masculina e branca. Mas há, sim, muitas editoras por lá.

O que mais surpreendeu desses meses todos dentro do jornal?
Ficamos impressionados com o grau em que as novas mídias estão no DNA do "Times". Você vê no filme como o jornal contratou Brian Stelter, um jovem blogueiro, e como David Carr abraçou o Twitter. O jornal, como diz Carr, "está totalmente engajado na revolução".

O que achou da crítica do "Times", que detonou o filme?
Fiquei surpresa. Mas tivemos boas críticas do "Washington Post", da "CNN" e da "Rolling Stone".


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